Parada LGBTQIA+ de Mogi será a única do Alto Tietê a contar com apoio de edital estadual neste ano

Arujá, Itaquaquecetuba, Mogi das Cruzes e Suzano confirmaram Paradas para este ano. Entidades e organizadores das Paradas LGBTQIA+ na região relatam dificuldades de apoio municipal. Ao menos quatro cidades do Alto Tietê contarão com Parada LGBTQIAP+ neste ano, de acordo com levantamento feito pelo g1. Os eventos estão programados para acontecer em Arujá, Itaquaquecetuba, Mogi das Cruzes e Suzano.
Três projetos da região foram inscritos no edital +Orgulho SP, da Secretaria do Estado de Cultura e Economia Criativa, sendo um de Ferraz de Vasconcelos, um de Mogi e outro de Suzano. Entretanto, apenas a proposta de Mogi foi selecionada pelo edital, que fornece apoio com cachês e equipamentos para Paradas do Orgulho LGBTI+ a serem realizadas no estado neste ano, com exceção da capital, desde junho.
De acordo com a pasta, a chamada pública, gerida pela organização social Amigos da Arte, é um programa que fomenta ações afirmativas que promovem visibilidade para a população LGBTI+ no estado e contribuem para a promoção de uma cultura de respeito pela diversidade. O edital do programa selecionou 30 projetos de Paradas do Orgulho LGBTI+.
As propostas selecionadas serão apoiadas com trio elétrico, plotagem e cachês artísticos. Ainda segundo a pasta, a Amigos da Arte será responsável pela contratação e pelo pagamento direto aos fornecedores e/ou prestadores de serviço, enquanto o proponente ficará responsável pela realização da atividade relacionada.
Falta de apoio das prefeituras
Em 2023, a Parada do Orgulho LGBTQIA+ de Mogi das Cruzes chega à quinta edição. O evento é organizado pelo Fórum Mogiano LGBT+, um dos principais coletivos da cidade e da região na luta pelos direitos da comunidade LGBTQIA+.
Segundo Ewerton Nascimento, coordenador da Comissão da Parada LGBT+ de Mogi das Cruzes, a questão financeira é um dos maiores obstáculos enfrentados para a realização do evento.
“O dinheiro que arrecadamos para colocar a Parada na Rua vem por meio do Edital do Estado e parceiros que entram para contribuir com o evento. O edital é muito importante, pois com ele conseguimos a estrutura do trio elétrico. Ele é fundamental para que o evento aconteça, tendo em vista que os custos de colocar uma Parada na rua são altos e, como somos uma Comissão Organizadora, não teríamos recurso o suficiente para colocar a Parada na rua, ainda mais pensando em como é difícil buscar patrocinadores para contribuir com o evento”.
Desde o ano passado, os organizadores da Parada pedem a inserção da atividade no calendário oficial de turismo de Mogi. Para Ewerton, esta inclusão poderia contribuir para o investimento a ser aplicado no evento.
“Sem fazer parte do Calendário Turístico da Cidade, a Parada acaba tendo uma dificuldade maior para captar alguns recursos. Por mais que as secretarias apoiem o evento, seria muito importante ter a Parada inclusa nesse calendário”.
A Parada de Suzano vive uma situação parecida com a encontrada em Mogi. Em 2022, a comunidade LGBTQIA+ foi às ruas mesmo após não contar com a autorização da Prefeitura. Lilian Santos de Carvalho, coordenadora executiva da Comissão Organizadora da Parada LGBTI+ de Suzano, afirma que os organizadores ainda aguardam uma conversa com a administração municipal para a definição da logística do evento.
“Oficialmente ainda não temos nenhuma resposta, mas em conversas informais foi garantido que teremos apenas o apoio do trânsito. Não queremos que situações como as do ano passado se repitam, como a acusação injusta de que espalhamos toneladas de lixo pela cidade. Por isso, protocolamos um ofício na prefeitura informando a data do evento e solicitando reunião com as pastas responsáveis para garantir a estrutura que precisamos, como o apoio da Secretaria de Trânsito, da Secretaria de Saúde, da garantia da limpeza e da disponibilização de banheiros químicos, por exemplo. Estamos no aguardo da reunião com a prefeitura”.
Lilian também ressalta a importância do suporte do poder público. Ela acredita que o apoio da Prefeitura pode garantir a segurança e a livre manifestação dos participantes da Parada em Suzano.
“Os governos, em geral, são LGBTfóbicos. No ano passado, a prefeitura não construiu uma mesa de diálogo com a organização da Parada LGBTQIAP+. Suzano tem um histórico de violência contra a população LGBTI+, especialmente as travestis, que têm sido criminalizadas. Portanto, nos apoiar com a estrutura necessária para que nosso direito à livre manifestação seja garantido pode ser o início de uma trajetória de mais respeito à diversidade, de demonstrar interesse real na construção de políticas públicas que garantam à população LGBTI+ de Suzano uma vida mais digna. A Parada não é apenas uma festa, mas também um protesto. Queremos que a 2° Parada LGBTQIAP+ seja mais organizada e segura. A Parada também é um momento de celebração da nossa existência por meio da arte e da cultura. Por isso, numa cidade como Suzano, onde há falta de acesso, fomento e, principalmente, da valorização dos artistas LGBTs, vamos proporcionar muita música, dança e diversão. Vai ser um espetáculo de diversidade”
Em nota, a Prefeitura de Mogi das Cruzes informou que apoiará a 5ª Parada do Orgulho LGBTQIAPN+ com infraestrutura e divulgação, bem como a cessão do espaço do Centro Cultural para a realização de atividades que antecedem o evento, como o Miss Drag Queen e a Sessão de Cinema. Produzirá, ainda, uma exposição no Terminal Central valorizando artistas LGBTQIAPN+.
O apoio, ainda segundo a Prefeitura de Mogi, envolve também a Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana, realizando a limpeza pública; a Secretaria Municipal de Saúde, com o serviço de ambulância e estande para oferta de serviços sobre IST’s; a Secretaria Municipal de Assistência Social, que emprestará as tendas e terá oferta de serviços de apoio e informações sobre obtenção de nome social, proteção contra violências e outros, e a Secretaria Municipal de Segurança, com apoio da GCM.
Além disso, em Mogi ainda haverá a supervisão de empreendedores locais autorizados que farão a comercialização de alimentos.
Já a Prefeitura de Suzano, também em nota, informou que irá dispor de agentes da Secretaria de Transporte e Mobilidade Urbana, para organização do trânsito, e da Guarda Civil Municipal (GCM) para a segurança nos locais públicos.
Arujá e Itaquaquecetuba não responderam aos questionamentos feitos pelo g1.
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