Especialista critica mudança nas regras para os profissionais de apoio proposta pelo Estado

Na análise de Roberta Bento – cofundadora do SOS Educação e especialista na relação Família-Escola e em educação inclusiva – a rede de ensino não tem a base necessária para implementar as novas regras apresentadas pela Secretaria Estadual de Educação (Seduc-SP) para os profissionais de apoio e professores de educação especial. Em entrevista ao O Diário, Roberta disse que a forma com que a mudança está sendo feita “já antecipa um resultado ruim”.

A medida, em resumo, prevê que os profissionais de apoio passem a atender os alunos com condições especiais em grupos de três a cinco estudantes, de acordo com o nível de suporte necessário para cada um. Nesse cenário, os únicos a manter o atendimento individualizado seriam alguns com nível de suporte 3 – o nível mais alto – e os que têm o acompanhamento determinado por liminar na Justiça.

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“Se elas [as crianças] estiverem dentro de um ambiente com profissionais bem informados, escola com estrutura, professores com tempo e formação adequada para preparação do PEI, apoio e formação continuada para a família – se a gente tiver essa estrutura, não é prejudicial que um aluno de suporte nível 1 compartilhe o profissional de apoio com outra criança. Mas, dentro da estrutura que a gente tem hoje – onde a gente faz essa mudança, mas não faz a formação do professor, não faz a formação do profissional de apoio e não conversa com antecedência com as famílias – a gente começa ‘pelo lado errado’.”

Roberta explica que a medida proposta pelo Estado poderia ser uma boa notícia dentro das condições ideais, mas o resultado obtido pela celeridade do processo deve ser um “efeito dominó” que afetará, inclusive, os demais alunos dentro das salas de aula. “Foi um anúncio precipitado de uma mudança que precisa começar na base até chegar ao aluno”, comentou.

Em sua análise, a especialista ainda comenta que, para que o processo de inclusão aconteça da maneira correta, é necessário que haja um trabalho conjunto entre três pilares: a família, o professor e o profissional de apoio. 

“Não tem como fazer isso funcionar do dia para a noite. A insegurança que vai ser gerada nos três [família, professor e profissional de apoio] vai, inclusive, se alastrar para todo mundo dentro da escola. Dá uma sensação de desespero porque o ano letivo já vai começar, então é hora de estruturar ajustes e preparar pessoas enquanto a gente garante que os alunos não serão atingidos de forma alguma para que o processo de aprendizagem deles não seja prejudicado.” 

O anúncio da alteração nas regras para os profissionais de apoio foi recebido com grande insatisfação entre os responsáveis e professores da rede de ensino. No Alto Tietê, Mogi das Cruzes e Suzano registraram manifestações contra o decreto do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) na manhã de ontem (22).

Nos atos, os pais criticaram a mudança, relatando preocupação com o ambiente em que seus filhos estariam sendo inseridos sem o acompanhamento. Além disso, os profissionais de apoio e professores afetados acusaram o Estado de promover uma demissão em massa entre os docentes. 

Em nota, a Seduc-SP negou as acusações de demissão e explicou que o objetivo da medida é ampliar o acesso dos estudantes especiais aos profissionais de apoio

“A gente tem chance de, de fato, fazer ajustes que beneficiem a todos […], mas a forma com que está sendo colocado já antecipa um resultado ruim”, afirma Roberta.

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