Após cinco anos, Justiça confirma que PM acusado pela morte de jovem em Poá vai a júri popular


Brenda Lima foi morta com dois tiros no peito no dia 2 de junho de 2018. Policial militar Johnatas Almeida Lima e Lima é acusado de ter cometido o crime. Policial militar acusado por morte de jovem em Poá vai a júri popular
Depois de cinco anos, a Justiça confirmou que o policial militar Johnatas Almeida Lima e Lima, acusado pela morte da jovem Brenda Lima, em Poá, vai a júri popular.
“Tristeza. Porque só ficou lembranças, mas eu queria minha filha aqui comigo. Eu só tinha ela. Só tinha ela. São cinco anos e, assim, a dor é a mesma, o sofrimento é o mesmo. Acho que só quando houver justiça mesmo que talvez essa dor vai amenizar um pouco”, disse Sueli Maria de Lima, mãe de Brenda.
Depois de tanto tempo, talvez esteja chegando a hora do acerto de contas.
LEIA MAIS:
Depois de dois anos, continua aberta investigação de assassinato de jovem por policial militar que atirou da sacada de casa em Poá
Justiça confirma recebimento de denúncia contra PM que atirou e matou jovem em Poá
“Ele foi denunciado pelo crime de homicídio doloso qualificado por recurso que impossibilitou a defesa da vítima. E aí, nesse caso, o julgamento ele é constituído por duas fases. É um procedimento bifásico. Então, na primeira fase, o juiz vai decidir ali se há elementos da existência do crime e quem foi o autor. Nesse caso, já passou por audiência e a juíza entendeu que, de fato, havia crime e que o autor foi o policial. E por isso, ela deu uma decisão chamada decisão de pronúncia, submetendo então esse policial a julgamento pelo júri popular, conselho de sentença, sete pessoas. Só que o policial interpôs um recurso, chamado recurso em sentido estrito e agora o Tribunal de Justiça de São Paulo vai decidir se vai manter a decisão da juíza ou se vai reformar, se vai alterar essa decisão. Se o Tribunal de Justiça mantiver essa decisão, que é o que nós acreditamos, esses autos vão baixar novamente pra juíza, que vai organizar esse conselho de sentença, o Tribunal do Júri, para o julgamento pelo júri popular”, disse Lucas Andrade, advogado da família de Brenda.
Câmera de monitoramento registrou o momento do crime
TV Diário/Reprodução
No ano passado, o Tribunal de Justiça de São Paulo recebeu a denúncia sobre o policial. O caso também está no Ministério Público do Estado de São Paulo. A defesa da família de Brenda entrou com uma ação judicial contra o estado, pedindo indenização e pensão vitalícia.
Brenda foi morta com dois tiros no peito no dia 2 de junho de 2018. Ela estava com o namorado na moto quando foram alvejados pelo PM. O crime foi no bairro Jardim São José, em Poá. Uma ferida que não cicatriza na alma da Sueli, que viu a filha jovem, cheia de sonhos, ter a vida interrompida.
“Ela tinha 20 anos. Queria ter filho, queria trabalhar, queria ter sua família e isso foi tirado dela”, contou a mãe de Brenda.
Em depoimento, o agente da PM afirmou que foi ameaçado pelo casal, mas as imagens das câmeras de segurança da rua mostram o contrário de tudo que ele diz.
“Essa imagem mostra um registro muito claro de que não houve qualquer ato ameaçador praticado por parte das vítimas que justificasse esse movimento de disparos em direção às costas delas. E por isso, deixou um tanto elucidado aí o contexto dos fatos e ajudou bastante pro prosseguimento do processo”.
Familiares e amigos de Brenda protestaram por justiça na época do caso
TV Diário/Reprodução
Dados de letalidade policial da Secretaria do Estado da Segurança Pública mostram que de 2013 a 2023 a polícia matou 47 pessoas.
“Cada inquérito, cada processo é adotado de uma peculiaridade e ele deve respeitar as fases processuais e os direitos constitucionais dos acusados. Mas nós vemos que, muitas vezes, esses inquéritos, se não houver uma ajuda, de um empurrãozinho ali de um assistente de acusação ou de um advogado que patrocina a família, eles podem e eles têm essa possibilidade de ficar parado face à morosidade que o sistema acaba apresentando, volume de processos e tudo mais”, completou o advogado.
A esperança de uma mãe que clama por justiça. Sueli e o advogado estão confiantes no julgamento do júri popular, que ainda não tem data definida. Enquanto isso, ela não se conforma sabendo que o policial está solto.
“Eu acho que a pior parte é um sentimento de impunidade. Porque ele matou a minha filha e ele está aí. Ele está aí seguindo em frente com a vida dele. Ele trabalha, sabe? Está aí vivendo normalmente, acho que como se nada tivesse acontecido, enquanto ele tirou a minha única filha de mim”, finalizou Sueli.
A defesa do Policial Militar tinha entrado com um recurso sobre a decisão do julgamento pelo Tribunal do Júri, mas ele foi negado pela Justiça. A produção do Diário TV fez contato com a defesa do PM Johnatas Almeida Lima e Lima, que informou que o processo crime, por si só, dirá o que de fato aconteceu. A defesa ainda disse que não antecipa o mérito enquanto não houver o esgotamento das vias recursais e essa questão será atacada, pelo recurso competente.
Assista a mais notícias sobre o Alto Tietê

Adicionar aos favoritos o Link permanente.