\u201cFalta combatermos de forma mais eficiente a infla\u00e7\u00e3o. Sei que vamos conseguir. Daqui a 60 dias, quem sabe, a diminui\u00e7\u00e3o no pre\u00e7o dos alimentos… Quem sabe, porque o Banco Central \u00e9 aut\u00f4nomo, possamos diminuir os juros no segundo semestre\u201d, declarou Tebet em evento para comemorar os 60 anos do BC.<\/p>\n
A declara\u00e7\u00e3o da ministra foi o momento mais aplaudido durante o evento do Banco Central.\u00a0Tebet, no entanto, reconheceu que a eleva\u00e7\u00e3o de tarifas comerciais pelos Estados Unidos poder\u00e1 dificultar o controle da infla\u00e7\u00e3o.<\/p>\n
\u201cTemos muitas quest\u00f5es num mundo t\u00e3o complexo. O mundo est\u00e1 em transforma\u00e7\u00e3o. Estamos com fatores al\u00e9m-mar, com medidas al\u00e9m-mar, que poder\u00e3o impactar infla\u00e7\u00e3o mundial e brasileira\u201d, declarou a ministra.<\/p>\n
Ap\u00f3s o evento, Tebet disse que o efeito das medidas de Trump sobre a infla\u00e7\u00e3o brasileira pode ser reduzido por causa da diversifica\u00e7\u00e3o dos parceiros comerciais do Brasil e da diversifica\u00e7\u00e3o dos produtos exportados pela agroind\u00fastria.<\/p>\n
Tebet tamb\u00e9m defendeu a revis\u00e3o de incentivos fiscais para garantir o cumprimento das metas para as contas p\u00fablicas.\u00a0<\/p>\n
\u201cOs gastos tribut\u00e1rios [incentivos fiscais do governo], essa \u00e9 uma quest\u00e3o que precisa ser colocada na mesa quando falamos de fiscal. Temos uma ren\u00fancia de quase R$ 600 bi. Algumas se sustentam horizontalmente, beneficiando toda a economia. Algumas se sustentam verticalmente, beneficiando alguns. E outras [ren\u00fancias] precisam ser revistas\u201d, disse a ministra.<\/p>\n
Pre\u00e7os pressionados<\/p>\n
Na ata da \u00faltima reuni\u00e3o do Comit\u00ea de Pol\u00edtica Monet\u00e1ria (Copom), divulgada na semana passada, o Banco Central destacou que os pre\u00e7os dos alimentos se mant\u00eam elevados e tendem a se propagar para outros pre\u00e7os no m\u00e9dio prazo, \u201cem virtude da presen\u00e7a de importantes mecanismos inerciais [repasses de infla\u00e7\u00e3o passada para os pre\u00e7os] da economia brasileira\u201d.<\/p>\n
No\u00a0Relat\u00f3rio de Infla\u00e7\u00e3o, divulgado na \u00faltima quinta-feira (27), a autoridade monet\u00e1ria avaliou que os pre\u00e7os ao consumidor devem continuar com varia\u00e7\u00f5es mensais elevadas nos pr\u00f3ximos meses. Segundo o documento, a infla\u00e7\u00e3o acumulada em 12 meses deve permanecer em torno de 5,5%, acima do intervalo de toler\u00e2ncia da meta,\u00a0 que \u00e9 de 4,5%.<\/p>\n
\u201cOs pre\u00e7os da alimenta\u00e7\u00e3o no domic\u00edlio devem seguir pressionados, mesmo com alguma modera\u00e7\u00e3o em alimentos industrializados em compara\u00e7\u00e3o aos \u00faltimos meses. Alimentos in natura, que tiveram varia\u00e7\u00f5es relativamente baixas no per\u00edodo recente, devem apresentar evolu\u00e7\u00e3o mais pr\u00f3xima ou acima da sazonalidade\u201d, destacou o \u00faltimo Relat\u00f3rio de Infla\u00e7\u00e3o.<\/p>\n
Haddad<\/p>\n
Tamb\u00e9m presente ao evento,\u00a0o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, destacou a boa vontade e a estabilidade na troca de comando entre o ex-presidente do BC, Roberto Campos Neto, e o atual presidente, Gabriel Gal\u00edpolo.\u00a0Segundo o ministro, a valoriza\u00e7\u00e3o das institui\u00e7\u00f5es \u00e9 essencial para vencer o que chamou de m\u00e1 polariza\u00e7\u00e3o.<\/p>\n
\u201cSe n\u00e3o tivermos uma vis\u00e3o institucional, dificilmente vamos vencer a m\u00e1 polariza\u00e7\u00e3o da pol\u00edtica. A m\u00e1 polariza\u00e7\u00e3o \u00e9 quando a tens\u00e3o entre os p\u00f3los impede uma agenda de Estado. Quando n\u00e3o se consegue construir projeto de pa\u00eds que, numa democracia, vai passar por uma altern\u00e2ncia de poder\u201d, disse Haddad.<\/p>\n
C\u00e2mara e Senado<\/p>\n
O presidente da C\u00e2mara dos Deputados, Hugo Motta, enumerou parcerias recentes entre o Banco Central e o Congresso Nacional para modernizar a legisla\u00e7\u00e3o de pol\u00edtica monet\u00e1ria. Ele citou como marcos nos \u00faltimos 60 anos, a aprova\u00e7\u00e3o das legisla\u00e7\u00f5es que aperfei\u00e7oaram as regras de supervis\u00e3o banc\u00e1ria, criaram o Comit\u00ea de Pol\u00edtica Monet\u00e1ria e modernizou os meios de pagamento. \u201cJuntos, de forma democr\u00e1tica, aprimoramos o arcabou\u00e7o regulat\u00f3rio\u201d, declarou<\/p>\n
A principal contribui\u00e7\u00e3o, ressaltou Motta, foi a aprova\u00e7\u00e3o da lei que garante a autonomia do BC desde 2021.\u00a0<\/p>\n
\u201c\u00c9 ineg\u00e1vel que essa lei representou um avan\u00e7o de grande import\u00e2ncia para o pa\u00eds, pois permitiu que a autoridade monet\u00e1ria exercesse sua miss\u00e3o com maior previsibilidade e seguran\u00e7a institucional, protegida de interfer\u00eancias pol\u00edticas e com credibilidade junto \u00e0 sociedade e aos mercados\u201d, disse.<\/p>\n
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, disse que a autonomia do BC garantiu transpar\u00eancia na gest\u00e3o e compromisso com o desenvolvimento sustent\u00e1vel.<\/p>\n
\u201cA trajet\u00f3ria de confian\u00e7a se deve \u00e0 parceria s\u00f3lida [do BC] com o Congresso Nacional. Uma rela\u00e7\u00e3o de respeito m\u00fatuo e de responsabilidade institucional. A autonomia do BC tem sido reconhecida como marco decisivo para a estabilidade da economia. Fortaleceu a condu\u00e7\u00e3o da pol\u00edtica monet\u00e1ria, com mais previsibilidade nas decis\u00f5es. Compromisso do BC com gest\u00e3o transparente e voltada para o desenvolvimento sustent\u00e1vel do pa\u00eds\u201d, comentou.<\/p>\n
Selo comemorativo<\/p>\n
No evento, o Banco Central e os Correios lan\u00e7aram o selo institucional em comemora\u00e7\u00e3o aos 60 anos da autoridade monet\u00e1ria. O BC tamb\u00e9m anunciou um programa de entrevistas entre Gal\u00edpolo e ex-presidentes do BC, com epis\u00f3dios a serem transmitidos \u00e0s quintas-feiras no Youtube.<\/p>\n
A comemora\u00e7\u00e3o reuniu ministros, parlamentares e ex-presidentes do BC. Entre as pessoas presentes, estavam:<\/p>\n
\t\u2022 \u00a0 \u00a0 Davi Alcolumbre, presidente do Senado;
\n\t\u2022 \u00a0 \u00a0 Hugo Motta, presidente da C\u00e2mara;
\n\t\u2022 \u00a0 \u00a0 Fernando Haddad, ministro da Fazenda;
\n\t\u2022 \u00a0 \u00a0 Luiz Marinho, ministro do Trabalho e Emprego;
\n\t\u2022 \u00a0 \u00a0 Simone Tebet, ministra do Planejamento e Or\u00e7amento;
\n\t\u2022 \u00a0 \u00a0 Ricardo Lewandowski, ministro da Justi\u00e7a e Seguran\u00e7a P\u00fablica;
\n\t\u2022 \u00a0 \u00a0 Jaques Wagner (PT-BA), l\u00edder do Governo no Senado;
\n\t\u2022 \u00a0 \u00a0 Dario Durigan, secret\u00e1rio-executivo do Minist\u00e9rio da Fazenda;
\n\t\u2022 \u00a0 \u00a0 Gustavo Guimar\u00e3es, secret\u00e1rio-executivo do Minist\u00e9rio do Planejamento e Or\u00e7amento.<\/p>\n
Os ex-presidentes que prestigiaram o anivers\u00e1rio de 60 anos do BC foram os seguintes:<\/p>\n
\t\u2022 \u00a0 \u00a0 Wadico Bucchi;
\n\t\u2022 \u00a0 \u00a0 Pedro Malan;
\n\t\u2022 \u00a0 \u00a0 Gustavo Loyola;
\n\t\u2022 \u00a0 \u00a0 Gustavo Franco;
\n\t\u2022 \u00a0 \u00a0 Arm\u00ednio Fraga;
\n\t\u2022 \u00a0 \u00a0 Henrique Meirelles;
\n\t\u2022 \u00a0 \u00a0 Alexandre Tombini,
\n\t\u2022 \u00a0 \u00a0 Ilan Goldfajn;
\n\t\u2022 \u00a0 \u00a0 Roberto Campos Neto.<\/p><\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
Principal\u00a0fator que tem pressionado a infla\u00e7\u00e3o\u00a0nos \u00faltimos meses,\u00a0os pre\u00e7os dos alimentos come\u00e7ar\u00e3o a cair\u00a0nos pr\u00f3ximos 60 dias, disse nesta quarta-feira (2) a ministra do Planejamento e Or\u00e7amento, Simone Tebet.\u00a0Segundo ela, o recuo pode abrir espa\u00e7o para a queda dos juros no segundo semestre, sem desrespeitar a autonomia do Banco Central… Continue lendo