Entenda o papel dos pais na prevenção ao bullying entre crianças e adolescentes

O retorno às aulas e a retomada da convivência direta entre os alunos trazem à tona uma preocupação recorrente: o bullying e seus impactos. Dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) revelam que 12% dos estudantes brasileiros de 13 a 17 anos admitem ter praticado algum tipo de agressão na escola, enquanto 23% relatam se sentir ofendidos ou humilhados pelos colegas por duas ou mais ocasiões.

O termo ‘bullying’ é usado para se referir a atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetitivos, que objetivam intimidar ou agredir alguém. A psicóloga da Hapvida NotreDame Intermédica, Michelle Costa, explica que as repercussões atingem vítimas e agressores. “Para quem sofre bullying, os prejuízos podem incluir fobia social, crises de ansiedade, depressão generalizada, problemas de identidade e autoconfiança e, em casos extremos, pensamentos suicidas”, aponta.

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Já para quem pratica, o impacto imediato pode ser a sensação de poder ou controle sobre o outro, mas, ao longo do tempo, isso pode gerar uma série de problemas emocionais e comportamentais, como dificuldades em estabelecer relacionamentos saudáveis, altos níveis de irritabilidade, descontrole e até dificuldades em entender limites.

Em longo prazo, esses indivíduos têm maior probabilidade de desenvolver padrões agressivos que se estendem para a vida adulta, como relacionamentos pessoais ou profissionais violentos. “Em situações mais graves, podem, inclusive, responder judicialmente pelos seus atos”, ressalta a psicóloga. Além disso, é possível que o agressor sofra com a culpa ou arrependimento, o que pode afetar sua saúde mental e emocional.

Ocorrências mais comuns

Dados da PeNSE mostram que os principais motivos de provocações no ambiente escolar estão relacionados à aparência do corpo, com 16,5% dos casos, seguida pela aparência do rosto (11,6%) e pelas questões de cor ou etnia (4,6%).

Prevenção

Michelle reforça que o respeito às diferenças deve ser ensinado inicialmente em casa, com orientações que se estendam aos ambientes sociais. “Ao ensinar e orientar crianças e adolescentes nesses espaços, promovemos um desenvolvimento social, emocional e cognitivo mais saudável”, pontua.

Nessa perspectiva, pais e responsáveis desempenham um papel fundamental na prevenção de comportamentos agressivos e na promoção de uma convivência acolhedora para as crianças. Segundo Michelle, é possível abordar o tema desde cedo, independentemente da idade dos filhos. “Ler relatos e matérias inspiradoras e ressaltar que comentários ou ‘brincadeiras’ sobre características físicas, psicológicas ou econômicas devem ser evitados são atitudes importantes”, orienta a especialista.

Nesse sentido, é crucial que os adultos promovam o respeito, a empatia e a comunicação aberta, ensinando as crianças a resolverem conflitos de maneira pacífica e a respeitar as diferenças. Além disso, os pais devem estabelecer limites claros e consistentes, mas de forma não agressiva, incentivando a resolução de problemas por meio do diálogo e da negociação.

Sinais de alerta: como identificar?

Outro ponto importante é a conscientização dos pais sobre os sinais de bullying e outras formas de violência. É necessário observar o comportamento das crianças e ter um canal de comunicação aberto para que elas se sintam seguras em relatar qualquer tipo de abuso, seja como vítimas ou testemunhas. A educação emocional, ao ensinar as crianças a identificar e lidar com suas emoções, também é crucial para evitar comportamentos agressivos.

Exemplos que inspiram

É importante que pais e educadores adotem uma postura inclusiva e valorizem a diversidade. “Desde cedo, crianças devem ser incentivadas a se envolver em atividades que promovam a colaboração entre pessoas com diferentes origens, habilidades e características. Isso pode ser feito por meio de jogos, histórias e atividades lúdicas em geral”, propõe.

Diálogo: uma ferramenta poderosa

Os pais podem explicar as diferenças de maneira simples e acessível, ajudando as crianças a entender que a diversidade não é uma ameaça, mas uma riqueza. Ao falar sobre características como etnia, classe social e deficiência, é importante reforçar os valores ligados ao respeito, à solidariedade e à equidade, promovendo um ambiente de aceitação e compreensão. Isso ajuda as crianças a desenvolverem uma mentalidade aberta e a valorizarem a individualidade de cada pessoa.

Bem-estar coletivo

Em um futuro onde o respeito às diferenças é uma premissa, os conflitos tendem a ser resolvidos de forma mais pacífica, com menos preconceito, discriminação e violência. A educação emocional e social também permite que as crianças se tornem adultos mais conscientes de seu papel na sociedade, capazes de contribuir para um mundo mais solidário, colaborativo e respeitoso.

Quando todos aprendem a respeitar o outro, independentemente de suas diferenças, a sociedade como um todo se torna mais inclusiva e pacífica, criando um ambiente propício para o bem-estar coletivo e para o desenvolvimento de soluções criativas para os desafios sociais. Portanto, investir na educação das crianças é garantir um futuro em que as relações interpessoais sejam pautadas pelo respeito, pela empatia e pela busca pelo bem comum.

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