Dia do Folclore: conheça a lenda sobre a origem do nome de Mogi das Cruzes

Historiador e jornalista Isaac Grinberg reuniu em um livro o folclore da cidade. Dia do Folclore é celebrado nesta terça-feira (22). Na lenda Das Cruzes cruz no céu revela para moça apaixonada paradeiro do amado
Reprodução/Folclore de Mogi das Cruzes
As tradições de uma cidade são contadas por sua história e também pelo seu folclore. Com seus 462 anos Mogi das Cruzes tem lendas que atravessaram gerações e até viraram livros.
O jornalista e historiador Isaac Grinberg reuniu em um livro o folclore da cidade. Na publicação, ele detalha várias lendas sobre a cidade, inclusive, sobre a origem do nome do município e também sobre a origem do nome de ruas, de escravizados, da Festa do Divino e do Rio Tietê.
No Dia do Folclore Brasileiro, comemorado nesta terça-feira (22), o g1 apresenta uma das lendas retratadas no livro de Grinberg: a Lenda das Cruzes. Segundo a cultura popular, ela pode ter inspirado o nome da cidade.
Lenda das Cruzes
A “Lenda das Cruzes” é um dos aspectos do folclore da cidade abordado no livro “Folclore de Mogi das Cruzes” . No imaginário popular essa pequena história seria uma explicação para o nome da cidade.
A lenda conta que há muitos anos um homem pobre de São Paulo se apaixonou pela filha de seu patrão que desaprovou o relacionamento. O pai teria planejado a morte do rapaz, mas o jovem conseguiu fugir deixando a amada desolada.
Ao descobrir a verdade, a garota rezou incansavelmente pedindo aos céus que lhe mostrasse um sinal de onde estaria seu amado. Na lenda as preces da jovem são ouvidas e nessa mesma noite ela vê uma cruz no céu. Depois de segui-la, a jovem consegue encontrar o rapaz.
De acordo com a lenda quan­do os colonizadores chegaram à região se depararam com o casal e ao ouvirem da moça sua história de amor decidiram homenageá-la acrescentando o “das Cruzes” ao nome de Mogi.
Origem ‘das Cruzes’
Para o historiador Mário Sérgio de Moraes é incontestável que a “Lenda Das Cruzes” é um folclore, uma história popular, pois o nome da cidade tem origem indígena.
” Mogi, derivado de M’Boigy, significa ‘Rio das Cobras’, rio esse que cortava toda cidade: o Tietê”, diz Moraes.
Segundo o historiador, a cidade era povoada por indígenas no século XIV, na atual região central da cidade, próximo onde atualmente está a Vila Hélio, ao redor desta região, existia apenas a Mata Atlântica. Moraes destaca que o nome ‘das Cruzes’ se originou após a chegada dos colonizadores e carmelitas que colocaram essa expressão para indicar que a cidade havia sido catequizada, um símbolo religioso.
Logo a cidade se tornava “Sant’Anna de Mogy das Cruzes”. “Com essa chegada dos portugueses, eles foram se assenhorando de tudo, dos costumes dos indígenas, mão de obra, crenças e do nome da cidade”, conta.
Mogi das Cruzes sempre teve várias igrejas católicas, como a do Rosário (ao fundo)
Arquivo Histórico de Mogi/Divulgação
Moraes explica que um costume dos bandeirantes também pode ter influenciado no nome da cidade. “Antigamente, os bandeirantes que vinham em expedição do centro do estado para região do Alto Tietê e Litoral costumavam colocar na beira das trilhas cruzes que indicavam o caminho para que eles não se perdessem e conseguissem voltar para a capital.”
O que é o folclore?
De acordo com o historiador e Diretor de Patrimônio e Arquivo Histórico, Glauco Ricciele, o folclore está dentro de uma concepção de sociedade, onde se cria de forma intencional. “Tudo o que vem de origem de manifestações populares, bibliotecas orais, passadas de geração para geração como lendas, gastronomia, medicina, garrafadas, chás e ervas pode ser perpetuadas como verdade com o tempo”, afirma o historiador.
“O folclore teve origem inglesa há muitos séculos, derivado da palavra folk-lore seu significado era a sabedoria, então desde o nome da crença, o Brasil incorporou esta ideia trazida dos colonizadores”, explica Ricciele.
Para Ricciele o conceito de folclore vem se perdendo com o passar dos anos. “Há 70 anos, mais da metade da população era rural, onde corria estas histórias. Hoje, é o contrário, quase 15% da população vive em zona rural; então toda essa relação do saber se perde, hoje é tudo muito raso, muito comprado e pouco vivido”, finaliza.
Folclore mogiano
Para o jornalista Francisco Ornellas, que já escreveu dois livros sobre Mogi das Cruzes, o folclore da cidade é uma manifestação social que deriva de usos e costumes dos moradores.
“Mogi das Cruzes em si tem uma história, um conteúdo muito rico. As obras de Isaac Grinberg, sem dúvidas, geraram a muitos mogianos um amor por lendas e folclores . Uma pena que o uso de livros está cada vez mais escasso”, diz Ornellas.
*sob supervisão de Gladys Peixoto
Isaac Grinbeg escreveu diversos livros sobre Mogi das Cruzes
Reprodução/ Folclore de Mogi das Cruzes
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