Deputado federal Rodrigo Gambale afirma que situação é inaceitável. Caio Cunha, prefeito e presidente do Condemat, providencia documentação pedindo dados sobre situação. Moradores e políticos prometem mobilização contra possibilidade de pedágio em rodovias
O prefeito de Mogi das Cruzes, Caio Cunha (PODE), que também é presidente do Consórcio de Desenvolvimento dos Municípios do Alto Tietê (Condemat), afirmou nesta sexta-feira (5) que está providenciando a documentação para solicitar ao Estado dados sobre os estudos que estão em andamento para concessão das rodovias Mogi-Dutra e Mogi-Bertioga. Se a iniciativa privada passar a administrar as vias, há possibilidade de instalação do sistema free flow, que é uma cobrança automática de pedágio.
A região já se mobilizou diversas vezes contra a instalação de um pedágio na Mogi-Dutra. O projeto anterior foi arquivado pelo então governado Rodrigo Garcia em dezembro de 2021.
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Durante a campanha eleitoral, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) também chegou a dizer que não haveria pedágio nas duas rodovias, mas em janeiro foram retomados os estudos para concessão das rodovias.
Para repercutir o assunto, o Diário TV tentou ouvir os cinco deputados eleitos pelo Alto Tietê, entre estaduais e federais, mas apenas Rodrigo Gambale (PODE) concedeu entrevista.
“Qual é o grande problema, se o projeto, a intuição, a intenção de fazer a praça de pedágio é um investimento para um caminho ao Litoral seria necessário que a pessoa, para pagar o pedágio, se dirigisse ao Litoral. E quando coloca-se uma praça de pedágio ali na Mogi-Dutra, você acaba cobrando de pessoas que não estão fazendo percurso para se direcionar ao Litoral e sim o uso diário para sair de suas casas, retornar do trabalho, ir até São Paulo, Itaquaquecetuba ou as cidades da região que vem visitar Mogi das Cruzes e vai acabar cobrando esses valores de pessoas que não utilizam a rota para o Litoral. Então, nós batemos de forma muito incisiva contrária ao pedágio. Justamente se for para tirar o pedágio de Mogi das Cruzes , só o trecho do pedágio da Mogi-Dutra, ele era responsável por arrecadar quase 55% do valor previsto em todo o trecho de Mogi até a ponta do Litoral Sul. Não importa que vai cobrar no sistema por quilômetro percorrido, não existe lógica de instalação de pedágio na Mogi-Dutra que o investimento foi completo e todo feito pelo governo do Estado não teve investimento de concessionárias privadas. Então, a gente não vê lógica de cobrança do pedágio.”
De acordo com o deputado, mais uma vez será muito importante toda sociedade civil e política se posicionar como nos anos anteriores. “Nós vamos fazer as mesmas ações de novo, se una também como houve da última vez e lutem conosco para que a gente impeça que exista isso porque vai onerar e muito as pessoas que se utilizam da Mogi-Dutra para o seu dia-a-dia, para o seu cotidiano.”
O deputado estadual André do Prado (PL) enviou uma nota destacando que a região conhece o trabalho e luta que teve junto à sociedade anos atrás contra os pedágios nas rodovias do Alto Tietê, que conseguiram evitar a instalação do pedágio na Rodovia Mogi-Dutra com a união de forças e diálogo com o governo do Estado. O parlamentar disse que continua contrário à instalação de praças de pedágio na região.
O prefeito Caio Cunha afirma que, assim que Tarcísio de Freitas assumiu o mandato, foi até o governador para saber sobre a situação do pedágio na cidade e a primeira informação é que não teria, mas depois isso mudou.
Mesmo sabendo que isso se trata de uma nova tecnologia, o prefeito questiona a falta de informação, mas já se posiciona contra essa nova maneira de cobrança do motorista que circula pelas rodovias. “A minha posição desde o início do meu mandato é ser contra o pedágio. Não é porque é uma tecnologia nova, diferente que não deixa de ser pedágio. Agora a gente precisa entender um pouco melhor como isso vai ser feito. O meu posicionamento de primeira já é ser contra. Eu acho que o antigo projeto, ele assustou muito a nossa cidade, a nossa região e por conta disso a gente acaba ficando um pouco mais calejado, entendo que qualquer passo nesse sentido venha a prejudicar muito os moradores e também as empresas que se instalam aqui na nossa região.”
Como prefeito e presidente do Condemat, Caio Cunha diz que já está providenciando uma documentação pedindo mais dados sobre essa situação. “A gente já está preparando alguma documentação questionando e buscando mais dados sobre isso porque hoje não se tem. A gente pergunta pelos corredores do palácio e falam de nova tecnologia e não falam de valor, de contrapartida para os municípios. Então, a gente precisa entender melhor isso, mas de pronto a gente está bastante atendo para qualquer movimentação nesse sentido.”
Moradores de Mogi das Cruzes protestam contra pedágio na Mogi-Dutra
Reprodução/ TV Diário
O prefeito de Bertioga, Caio Matheus (PSD), falou sobre a possibilidade de a Rodovia Mogi-Bertioga ter a cobrança de pedágio via free flow. “Eu acredito que o governo do Estado tem que compartilhar o projeto, as ideias, fazer uma consulta não só com a Prefeitura de Bertioga, a Prefeitura de Mogi também, em especial, pra gente entender os prós e os contras e a gente debater o tema, né? Importante dizer que o direito das pessoas que moram na própria cidade, seja Bertioga ou Mogi, elas terem a isenção, porque a grande preocupação é a economia local, seja de Bertioga ou de Mogi, né? E Mogi com Bertioga têm uma ligação muito grande, tanto no fornecimento de produtos, de serviços e o próprio trade turístico que pode ser prejudicado se a mão for muito pesada nessa questão de cobrança. Então é um tema sensível e merece o debate de maneira transparente e ouvindo a população”, disse Caio Matheus.
A confirmação que as duas rodovias podem receber a cobrança da tarifa dos motoristas pelo sistema free flow veio nesta quinta, mas o “fantasma” do pedágio nas rodovias da região começou em 14 de maio de 2021. Na época, as duas rodovias, faziam parte de um edital que previa a instalação de praças de pedágio.
Durante todo esse período, foram muitas as manifestações da sociedade civil contra o pedágio. Do projeto suspenso até esse novo anúncio, quase um ano se passou.
Adrianny Verçosa, representante do “Movimento Pedágio Não”, conta que nesse período foram mais de 50 mil assinaturas em um abaixo-assinado, inúmeras passeatas e carreatas, e que se tiver que fazer tudo isso novamente, vão fazer. “O que a gente busca mesmo é que o mogiano fique atento a isso, que o mogiano não pode pagar por mais um tributo, né?”.
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