Motoboys afirmam ainda que ruas esburacadas e com remendos são perigosas nos deslocamentos diários. Maio Amarelo: motociclistas e ciclistas são as vítimas mais vulneráveis no trânsito
Quem convive diariamente no trânsito sabe que os pedestres, ciclistas e motociclistas são mais vulneráveis, porque são mais desprotegidos do que quem está em outros veículos.
A vida dos motoboys não é fácil ainda mais em um trânsito cada dia mais complicado onde eles praticamente disputam espaço com os carros. “Tem muito motorista que não pensa na gente. A gente às vezes buzina, mas não porque não quer que eles passem também é porque a gente tá com o pedido e a gente tem quer terminar rápido. Principalmente, a gente que trabalha no Ifood, a gente quanto mais rápido a gente for mais entrega a gente faz e mais a gente ganha. Por isso a pressa que gente tem os motoristas muitas vezes não entendem”, afirma o motoboy Gabriel Pereira Brandão.
Outro que reclama da situação difícil no trânsito é o motoboy Natan Izidoro. Ele é eletricista e está há pouco mais de um ano nas ruas, ganhando a vida como entregador. “Aqui em Mogi tá complicado porque você desvia de um buraco e cai em outro buraco. Quando não é buraco é remendo nas ruas que eles fazem, mas passa carro pesado e fica tipo um U. As faixas vermelhas para nós é um sabão. Freio ali em cima é chão, quando chove então pior ainda.”
Só em Mogi das Cruzes a frota de motocicletas em 2022 somava 33 mil 161 veículos, segundo o Detran. Em 2023, diminuiu para 31 mil, 814 motos. Cerca de 1,3 mil motocicletas a menos. Nas dez cidades do Alto Tietê são mais de 700 mil motoristas habilitados. Desse total, quase 220 mil que possuem CNH na categoria A para conduzir motocicleta.
O representante da Associação dos Motoboys de Mogi Maurício Montemor defende a faixa exclusiva, além de outras ações pra reduzir os acidentes. “Lugares a mais para estacionar as motos, é a gente tá tendo uma experiência em São Paulo com a faixa azul eu acho interessante trazer para o município e região. Porque o índice de acidente lá diminuiu bastante e aqui na nossa região aumentou muito.”
Na capital foi implantada em janeiro de 2022, a faixa azul, um corredor exclusivo para circulação de motociclistas, e ajudou a reduzir os acidentes graves e as mortes com motos na cidade de São Paulo.
Segundo dados do Infosiga, de janeiro a maio de 2022, 720 motociclistas morreram em acidentes com moto no estado de são paulo, número 4% maior do que o registrado no mesmo período de 2021, que foi de 691. de acordo com o levantamento, a maior parte dos acidentes, cerca de 58% ocorreu em vias municipais.
Em todo o Estado de São Paulo as mortes de condutores, passageiros e pedestres, bateram recorde em 2022 e foram 2.089 vítimas no ano, alta de cerca de 8%, na comparação com 2021.
José Mauro Timóteo trabalha na indústria e complementa a renda como motoboy. Ele consciência do risco e da vulnerabilidade dos pedestres e motociclistas no trânsito. “Quando eu tô meu carro e vejo um motociclista, um motoboy ou um ciclista abre porque às vezes tem espaço e a pessoa tá fechando e a gente quer passar. A gente tem um tempo, o tempo nosso tá correndo, se a gente não chega você perde aquela corrida. Se a gente chegar atrasado naquela entrega conta pontuação no nosso score. Então, não é andar igual maluco é andar respeitando. Então se cada um se respeitar e se colocar no lugar do outro, eu acho que melhoraria bastante.”
A principal causa dos acidentes de trânsito no país é a negligência dos condutores, muitos, não respeitam as leis de trânsito e nem os pedestres.
A estudante de psicologia Bianca Andrade esperava o sinal abrir para atravessar a Rua Ricardo Vilela perto da estação da CPTM. Ela diz que a falta de respeito ao pedestre é comum no local. “Eu acho que o motorista não se importa muito. Principalmente na saída da estação (CPTM) de Mogi das Cruzes esse semáforo é muito rápido e na saída da Estudantes também. Então, o motorista passa, o motorista de ônibus desrespeita muito, acelera e o pedestre fica a mercê do que acontece no trânsito.”
O técnico de segurança do trabalho Wanderlei Tavares afirma que é preciso ter a cultura de segurança no trânsito. “No Brasil nós não temos essa cultura, essa dificuldade de prevenção em acidentes. Então, o pessoal realmente precisa ter um pouco mais de educação.”
A Prefeitura de Mogi das Cruzes informou que não há previsão de instalar faixas exclusivas aos motociclistas na cidade. Mas que realiza uma série de ações voltadas à segurança viária dos motociclistas. Entre elas, a entrega de material informativo, pit stop para orientações em parceria a iniciativa privada, ações práticas de orientação de pilotagem, entre outras. Durante este mês, dentro das atividades do maio amarelo, estão previstos novos trabalhos de educação para o trânsito voltados aos motociclistas.
Como melhorias, a Prefeitura disse que estuda a implantação de recuos para motos aguardarem o semáforo em alguns cruzamentos da cidade, semelhante ao já utilizado no cruzamento das ruas José Bonifácio com a rua Doutor Deodato Wertheimer. Sobre as faixas vermelhas citadas, a prefeitura informou que se tratam de trechos de ciclofaixas em que há a travessia de vias pelo trajeto. Elas são implantadas para ampliar a segurança dos ciclistas que trafegam pelos locais, protegendo a travessia dos veículos. Para evitar derrapagens são aplicadas microesferas, que têm a função de refletir a luz, deixando a sinalização mais visível. No entanto, é importante destacar que, como em qualquer sinalização de solo, a recomendação é para que haja cautela ao trafegar.
Em relação aos buracos, disse que a operação tapa-buraco fez mais de 7,6 mil atendimentos nos últimos dois meses e o programa de recuperação asfáltica deve atender mais de 150 vias, com extensão mínima de 130 quilômetros, até o segundo semestre de 2024.
Já sobre o ônibus citado, a Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana informa que a empresa concessionária será notificada sobre a reclamação, de acordo com o contrato, para adotar as providências necessárias.
Por fim, em relação à segurança dos pedestres, a prefeitura disse que desenvolve uma série de ações de educação o trânsito, como a distribuição de materiais educativos, palestras e atividades da escola mirim de trânsito, em que as crianças são multiplicadoras das informações e que há ainda o trabalho de engenharia de tráfego e sinalização viária, adotadas de acordo com a legislação federal. Outra medida é a implantação de semáforos com botoeira para a travessia de pedestres, em pontos identificados por estudos técnicos. A cidade também conta com 10 pontos com botoeiras sonoras, para facilitar a travessia de pessoas com deficiência visual.
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