Suzano celebra 2 anos de tombamento dos seus primeiros patrimônios

Suzano celebrou nos últimos dois anos o tombamento dos seus primeiros patrimônios culturais. O processo que viabilizou essas conquistas foi resultado de uma atuação em conjunto entre a prefeitura e o Conselho Municipal de Patrimônio Cultural (Compac), que resgatou elementos históricos por meio de pesquisas e debates, contribuindo para uma discussão aprofundada em torno da importância de preservar aspectos que fizeram parte da evolução da sociedade suzanense.

Os três patrimônios valorizam diferentes aspectos do desenvolvimento do município, incluindo a influência da cultura oriental, a produção no campo e a emancipação político-administrativa. Neste sentido, estiveram nessa lista de bens tombados a Academia de Judô Terazaki, localizada na rua Tokuzo Terazaki, 25, na Vila Urupês; o conjunto histórico da Fazenda Sertão, localizada no sul da cidade; e o primeiro Paço Municipal de Suzano, localizado na rua Campos Salles, 601, no centro, onde está sediado atualmente o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

Academia Terazaki

O primeiro bem a ser tombado foi a Academia de Judô Terazaki, durante cerimônia realizada no dia 28 de julho de 2022. Com esta ação, o imóvel, que tem 783,75 metros quadrados de área construída em 1.161,44 metros quadrados de terreno, passou a ter preservadas suas características originais, tanto do formato arquitetônico quanto cultural, por meio do decreto municipal. O espaço teve as obras iniciadas em 1934, com a conclusão em 1952.

A Terazaki foi a primeira academia de judô instalada no Brasil após seu idealizador, Tokuzo Terazaki, imigrar do Japão, em 1929, com destino à capital do Pará, Belém, porém, em 1933, Terazaki chegou a Suzano após convite de Katsutoshi Naito, também praticante de judô e que o conheceu na Academia Kodokan, em Tóquio.

Em 1957, a Academia Terazaki recebeu o primeiro campeonato de judô da América Latina, se tornando o grande palco da modalidade no continente. Para além disso, Tokuzo Terazaki ainda foi vice-presidente da Associação de Faixas Pretas no Brasil, organizou a Federação Nacional de Judô e introduziu a modalidade no Exército e na Polícia Militar.

Fazenda Sertão

O Compac definiu, em reunião deliberativa realizada em 17 de agosto do ano passado, data alusiva ao segmento, que o conjunto histórico da Fazenda Sertão, localizada no sul do município, passaria a ser o segundo bem tombado de Suzano. Com a decisão, ficaram tombados os conjuntos arquitetônicos formados pela Capela de Santa Helena e a Escola Estadual Helena Zerrener.

Nesta oportunidade, também ficou decidido que seriam incluídas na lista de bens de interesse cultural, dentro da Zona Especial de Preservação Cultural (Zepec), a Fazenda Santa Helena, a chaminé do antigo alambique – onde se produzia a Água Ardente Sertão – e o Loteamento Clube dos Oficiais, além do próprio Clube dos Oficiais. Todos esses espaços são pertencentes a área que constituiu a antiga Fazenda Sertão. Ela ocupava um terço do território atual de Suzano e estendia-se para uma área significativa de Ribeirão Pires. O prefeito Rodrigo Ashiuchi participou de um ato simbólico, no dia 28 de outubro, que representou a consolidação do processo de tombamento do Conjunto Histórico da Fazenda Sertão. Após missa na Capela Santa Helena, (rua Joaquim R. Branco, 9.207, no Clube dos Oficiais – distrito de Palmeiras), o chefe do Executivo suzanense reconheceu, por meio de assinatura, a importância deste local para Suzano.

Paço Municipal

A decisão pelo tombamento do primeiro Paço Municipal foi deliberada pelo Compac em 28 de março deste ano, quando o prédio foi considerado como patrimônio da cidade por ter abrigado a sede do Executivo por mais de 40 anos, entre 1952 e 1993, e o Legislativo por cinco décadas, de 1952 a 2002. Assim, ficou formalizado o reconhecimento de valor que possibilita a realização de ações de políticas públicas para preservação do local. O ato simbólico que consolidou este processo ocorreu no dia 4 de abril. O resgate histórico trouxe à tona o simbolismo do Paço Municipal para a formação da identidade suzanense, a partir, por exemplo, de documentos referentes ao primeiro evento sediado no espaço. Esta ocasião foi marcada pela inauguração do prédio, em 31 de maio de 1952, prestigiada pelo então governador Lucas Nogueira Garcez, o que representou a primeira visita de um chefe do Executivo estadual à cidade após a emancipação político-administrativa do município, em 1949, justamente o ano que marcou o início das obras do antigo Paço.

A construção desse prédio também mereceu uma análise minuciosa por parte do Compac. Idealizado no estilo Art Déco, a estrutura foi desenvolvida a partir de um estilo arquitetônico sofisticado, que até hoje é tido como uma obra-prima entre os especialistas. A fachada, o acabamento e o espaço interno foram considerados muito bem planejados, o que faz desta estrutura uma referência para a cidade, até mesmo para estudantes de Arquitetura e Urbanismo. A presidente do Compac, Cind Octaviano, destacou que a consolidação desse processo valoriza os elementos que contribuíram para o desenvolvimento da sociedade suzanense. “O patrimônio cultural tanto material, imaterial ou paisagístico, constitui uma forma de documento que elegemos deixar para as próximas gerações, capazes de expressar de forma plástica nossas características e nossos valores quanto sociedade, ou seja, nossa estética”, declarou.

O prefeito de Suzano, Rodrigo Ashiuchi, reforçou que o desenvolvimento da cidade também passa pela atenção com a tradição local. “Sabemos da importância de defender nossos bens materiais e imateriais. Ter conhecimento sobre de onde viemos e como o município se desenvolveu nos ajuda a projetar nosso futuro, com a consciência do valor de nossa história, do nosso território e das construções que devemos preservar, assim como os costumes que são associados à nossa cultura”, sublinhou o prefeito.

Em andamento

O Compac tem trabalhando no processo que pode culminar no tombamento do conjunto da Capela de Nossa Senhora Piedade, onde fica a conhecida Igreja do Baruel (Estrada Baruel Goiabeira, 201 – bairro do Baruel), que reforça as discussões em torno da ocupação do território em que foi formada a sociedade suzanense, demonstrando a importância regional da comunidade do Baruel na época da colonização do Brasil.

 

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