A cidade de Mogi das Cruzes pode ser, muitas vezes, um refúgio inspirador encontrado na região do Alto Tietê. O município recebeu, principalmente nas décadas passadas, imigrantes japoneses, italianos e alemães que não apenas tornaram a cidade miscigenada, mas também ajudaram no desenvolvimento da cultura local. Estes foram alguns dos motivos que fizeram o renomado escritor Sersi Bardari – autor de 11 livros – a estabelecer moradia no município.
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Sersi Bardari veio para Mogi das Cruzes após uma perda financeira devida ao movimento de bloqueio de parte do saldo de cadernetas de poupança e contas-correntes realizado em 1990 pelo ex-presidente Fernando Collor de Melo.
“Meu pai tinha um sítio de veraneio no distrito de Sabaúna, em Mogi. Ele estava aposentado e morando lá. Enquanto eu esperava a situação econômica do país melhorar, comecei a fazer pós-graduação. Quando tudo foi normalizado, eu estava matriculado no curso de Letras e Filologia na USP. Em 1994, fui buscar trabalho como professor na Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) e no Centro Universitário Braz Cubas (UBC), para os cursos de Jornalismo e Publicidade”, conta.
Formação
Formado em Jornalismo, atuou como redator jornalístico e publicitário. Em paralelo, foi premiado pela Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA), na categoria autor revelação. Iniciou como docente no momento em cursava mestrado em Filologia e Língua Portuguesa na Universidade de São Paulo (USP). Apresentou, em 1998, a dissertação: “A reconstrução da identidade em ‘A jangada de pedra’, de José Saramago”. Mais de uma década depois, em 2009, concluiu o doutorado, também pela USP, ao defender a tese “A alquimia do ‘adultescer’: a literatura para juventude como rito de passagem.
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O escritor destaca que, apesar de vir para a cidade somente na fase adulta, já tinha algumas impressões da região desde 1973, época em que seu pai adquiriu o sítio. Ele afirma que teve pouco contato humano durante os primeiros anos, algo que foi se intensificando com o passar do tempo.
Grande parte dos fatores que o fizeram estabelecer moradia em Mogi das Cruzes, mesmo após a melhora da economia brasileira, está relacionada à docência, principalmente ao período em que lecionou na UMC.
“A cidade tem muitos pontos positivos, uma população educada e gentil. Comecei a entender que Mogi das Cruzes possui uma miscigenação fantástica, uma experiência humana incrível. A vinda de italianos, portugueses e japoneses à cidade deu um caldo cultural grande, cada um com suas técnicas de agricultura e especialidades de cultivo”, relembra.
Amor pela literatura
Formado pela Universidade Anhembi Morumbi, inicialmente em Publicidade e Propaganda, Bardari conta que sempre pensou na possibilidade de atuar como jornalista, principalmente por ter crescido e se desenvolvido ao longo do regime militar (1964-1985).
“Trabalhei em um banco e tive ajuda do meu pai, mas não era o suficiente. Então, eu trabalhava de dia e estudava à noite. Sempre pensei em atuar como jornalista. Minha juventude passou, em grande parte, durante a ditadura militar e, embora a mídia fosse censurada, esse era o único caminho em que podíamos – de uma maneira velada – tentar conscientizar as pessoas sobre o que acontecia politicamente no Brasil”, comentou.
O amor pela leitura e pela escrita surgiu ainda na infância, período em que Bardari recebia elogios dos professores devido à sua capacidade textual. Ele conta que herdou de seu pai o gosto pela literatura. “Eu tinha uma biblioteca à minha disposição. A ideia de escrever livros parte disso, ainda que inconscientemente”, destaca.
LIVROS PUBLICADOS POR BARDARI:
O escritor relata que, ainda durante a infância, essa vontade inconsciente foi ganhando forma ao longo dos anos com suas vivências, novas experiências e, principalmente, com aquilo que ele se “permitia viver”.
“Vivendo e trabalhando na Bahia, descobri um mundo novo. Na década de 70, havia muitas manifestações culturais, o que me inspirou muito. Conheci um Brasil diferente, novo, uma cultura muito mais originária em relação ao povo brasileiro. Fiz alguns trabalhos com artistas e pessoas inspiradas, que pudessem gerar uma boa história. O processo de criação parte sempre da observação da realidade, principalmente com atenção aos detalhes”, afirmou.
Depois de passar quatro anos morando na Bahia, Bardari retornou a São Paulo, onde escreveu e publicou o primeiro livro, chamado “O Cigano de Itaparica”, em 1982. A partir da obra, ele produziu outros nove livros relacionados à literatura infanto-juvenil.
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