‘Me mandaram para o inferno, vim para Mogi e gostei’, diz professor natural de Vitória (ES)

O professor universitário Elizeu Silva participou da formação de milhares de alunos nos cursos de comunicação, em Mogi das Cruzes, ao longo de 22 anos como educador. Natural de Vitória, no Espírito Santo, veio parar na cidade no início dos anos 2000, após um contratante de “saco cheio” o mandar para o “inferno”.

“Eu tinha aquela visão típica do morador da zona leste que via Mogi como o ‘fim da linha’. Quando você pensa em bairros mais centrais, com mais oportunidades, você pensa no Oeste, que é na direção do Centro de São Paulo. Do outro lado, entrando mais para o fundo da zona leste, tem Itaquera, Guaianases e Mogi é o ‘fim da linha’, na minha concepção na época, não podia existir nada de bom em Mogi”, diz.

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Do Espírito Santo para São Paulo

Elizeu se mudou de Vitória para São Paulo, ainda adolescente e passou a morar na Vila Matilde, Zona Leste. O professor lembra que naquela época, com pouca informação, Mogi passava uma outra imagem para as pessoas que moram na Capital. Para chegar a cidade, ele relata que a viagem de trem era longa e demorada. Por isso, ficou com esse conceito na cabeça por alguns anos.

Nos anos de 1980, ele começou a trabalhar na parte da gráfica de uma editora de livros ligada à uma instituição religiosa em Itaquaquecetuba. Por meio do transporte da empresa, vinha de São Paulo para Itaquá e voltava todos os dias. Foi lá que Elizeu deu os primeiros passos na comunicação, se profissionalizou e começou a trabalhar na redação.

Elizeu Silva atuou na redação e na diagramação da editora | Acervo Pessoal/Elizeu Silva.

Discussão com o contrante

Antes de se tornar educador, Elizeu se casou e se tornou pai de duas meninas, Fernanda e Carol. Deixou a editora de Itaquaquecetuba e se mudou para Belo Horizonte, em Minas Gerais, em 1998. Por conta do bom relacionamento na empresa, foi convidado a retornar para a editora, porém afirma que não tinha interesse algum em retornar para São Paulo.

“Eu não queria voltar por conta das minhas filhas. Lá em Minas, nós tínhamos uma condição melhor, qualidade de vida e maior segurança. Eu vim decidido a trabalhar com eles, mas se fosse a partir de Belo Horizonte. Falei para eles, ‘eu venho uma vez no mês ou duas, mas eu fico trabalhando de lá’”, afirma.

A contraproposta não foi bem vista pelo contratante, que curiosamente também se chamava Elizeu. “Eu não tinha afinidade com o responsável pela negociação e ele ficou muito bravo com a minha contraproposta. A gente ficou a manhã inteira discutindo e eu estava irredutível. Nitidamente ele estava bravo, por se tratar de uma obrigação (a contratação) e falou ‘já que você não quer morar em São Paulo, vai morar em Mogi’, mas não era bem isso que ele queria dizer, era mais como um vai para o inferno”, conta aos risos.

Elizeu na redação na década de 90 | Acervo Pessoal.

Chegada a Mogi das Cruzes

Frustrado com a negativa da empresa, Elizeu relata que ao sair da reunião em Itaquá decidiu dar uma passadinha em Mogi, seguindo a recomendação nada educada que recebeu do contratante. “Peguei um ônibus e desembarquei na rodoviária da cidade. Atravessei para o outro lado, vi as universidades, o shopping que tinha sido inaugurado há pouco tempo, fui andando e gostando do que via, isso em julho de 1999. Passei a considerar essa possibilidade”.

Aproveitando que estava na cidade, decidiu ir à uma imobiliária no Centro da cidade e se deparou com “corretor muito bom”, nas palavras dele. “Eu entrei e falei com o corretor, que me respondeu ‘tranquilo, eu tenho uma solução para você. Nós vamos lá agora’. Ele pegou a chave de um apartamento novo que ele tinha ali na praça do Shangai e me levou para conhecer e eu gostei do que vi”, diz Elizeu.

Por conta da boa localização do apartamento, existiam escolas, mercados, farmácias, praças nas proximidades. “Liguei para minha esposa para conversar e ela não queria vir para Mogi de jeito nenhum. Precisei convencer ela de que nós conhecíamos pouco a cidade e que ela tinha muito mais. Por fim, ela concordou em vir conhecer e gostou também. Desta forma, nos mudamos”, recorda.

Com a experiência que teve na redação e apresentação formal do portfólio com trabalhos na área, Elizeu já atuava com jornalista, tinha registro MTB e carteira da Fenaj, mesmo sem ter concluído a formação acadêmica, até então. Em Mogi, por estar próximo à universidade, em 2000, ingressou como aluno do curso e após a conclusão em 2003, passou a ministrar aulas, atividade que segue fazendo até hoje.

Após mais de duas décadas de convívio na cidade, Elizeu diz que Mogi é uma boa cidade para viver. “Temos escolas de boa qualidade próximo de casa, tem atendimento médico público do lado e para as nossas necessidades funciona; no lazer, temos os parques da cidade e frequentamos com uma certa frequência, vamos ao Centenário, está inaugurando um novo parque no Rodeio (Parque Airton Nogueira), íamos ao Parque da Cidade durante a pandemia; sobre o comércio, ele atende plenamente as necessidades da população. É perto de São Paulo e tem acesso por pista e pelos trens. E o melhor, é um lugar mais limpo e não sentimos o desconforto com a poluição da Capital”, afirma Elizeu.

Atualmente, o professor vive com a família na cidade e ministra aulas no Centro Universitário Brás Cubas, no Mogilar. Além das duas filhas, se tornou pai do pequeno Davi, que tem apenas oito anos de idade e quando questionado sobre Mogi das Cruzes, completa: “Sou mogiano de coração”.

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