‘Só vai ficar lembrança’, diz mãe biológica de menino morto pelo pai adotivo na Grande São Paulo


Lucas Henrique de Lima foi espancado por Marcelo Bezerra Leão, seu pai adotivo, após pegar comida de geladeira sem autorização. Pai e mãe adotivos foram presos. Caso Lucas: ‘Só vai ficar lembranças’, diz mãe biológica
Tassia Camila De Cruz Lima, mãe biológica do menino de 7 anos que morreu após ser espancado pelo pai adotivo em Guararema, na Grande São Paulo, conta que a perda do filho deixou toda a família abalada. “Só vai ficar lembrança. Muito triste, sabe? Muito triste”, lamentou a mãe.
Lucas Henrique de Lima e os irmãos moravam com os pais em Jundiapeba, em Mogi das Cruzes, antes de serem adotados.
“O mais xodó da gente era o Lucas porque ele era muito sentimental. Por tudo ele chorava, ele pedia beijo. ‘Mamãe, quero beijo’. Ele pegava uma rosa na plantação da minha sogra, trazia e falava ‘mamãe, olha o que eu trouxe pra você de presente’. Aí ele me dava rosa e falava ‘mamãe, agora me dá um beijo, me dá um abraço’. E a gente dava”, recordou a mãe.
Lucas Henrique de Lima morreu após ser espancado por Marcelo Bezerra Leão, seu pai adotivo
TV Diário/ Reprodução
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Lucas dividia o quarto com os irmãos. Além de uma cama, o espaço contava com uma beliche, que foi doada quando as crianças se foram. No armário, as roupas dos irmãos permanecem. A casa é simples, mas tinha muito amor. Agora, só restam lembranças.
Tassia tem mais quatro filhos. Segundo ela, a família nunca desistiu de recuperar a guarda dos filhos. . A mãe de Lucas ainda conta que era dependente química e, por isso, teria perdido a guarda das crianças, que foram para um abrigo em Mogi das Cruzes até serem adotados pelo casal.
Tassia Camila De Cruz Lima, mãe biológica de Lucas, chora ao lembrar do filho
TV Diário/ Reprodução
“No começo, a gente tava indo visitar, tava tudo bem. Aí quando a gente vinha embora pra casa, as crianças choravam, principalmente o Lucas. O Lucas falava ‘mamãe, papai, vovó, não vão embora. Vocês vão vir me buscar?’. Chorava. Foi uma decepção pra gente. A dor da gente era quando a gente ia visitar ele, que na hora de ir embora ele chorava muito”.
O corpo de Lucas foi sepultado no Cemitério Municipal de Guararema, no dia 24 de junho. Antes disso, houve missa em homenagem a ele na Igreja Matriz da cidade, que ficou lotada.
Lucas foi espancado por Marcelo Bezerra Leão, seu pai adotivo, porque pegou comida de geladeira sem autorização. Marcelo confessou o crime e responde por homicídio qualificado. A mãe adotiva de Lucas, Margarete Franco, também foi presa por ser conivente com as agressões e responde por omissão.
Marcelo já foi membro do Conselho Tutelar de Guararema, atuava no Conselho Municipal de Saúde do município e trabalhava com locação de brinquedos infantis. Margarete é professora infantil de uma escola em Suzano.
Quarto onde Lucas e os irmãos dormiam na casa da família biológica
TV Diário/ Reprodução
Para Maria José Valentim, avó biológica das crianças, a alegria acabou. Era com ela que os meninos passavam a maior parte do dia enquanto viviam com a família biológica, principalmente enquanto Tassia estava na clínica de recuperação.
“O dia que ia visitar a mãe na clínica arrumava eles, tudo bonitinho. ‘Vó, tá tudo bonito pra visitar a mãe’. Chegava lá, nossa, era a maior alegria deles, nós estarmos lá, fazer visita pra mãe. E brincavam, nossa, passava o dia inteiro com alegria de criança. Eles chegavam aqui cansados que nem procuravam nada. Já chegavam aqui dormindo. Depois disso aí, que levaram as crianças, acabou. Minha vida acabou, minha vida acabou”, disse a avó.
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