Embora em algumas ocasiões o cinza possa ser visto como uma cor apagada, na arquitetura de interiores ele ganha uma nova dimensão. Em projetos residenciais e corporativos, a tonalidade se destaca como uma tendência que veio para ficar, oferecendo sofisticação, modernidade e um toque atemporal, permitindo combinações variadas que criam ambientes acolhedores e cheios de personalidade.
O cinza se enquadra muitíssimo bem em propostas mais sofisticadas, combinando com tonalidades mais quentes, como também abre frente para a realização de ambientes despojados, porém sem excessos. “Além de expressar uma frequência mais clean, o cinza simplifica as possibilidades de planejamento”, afirma o arquiteto Bruno Moraes, à frente do BMA Studio. Especialista e entusiasta da paleta, ele revela que, em doses coerentes, essa cor contribui para promover o aconchego dentro de ambientes frios ou mais claros.
No quesito praticidade, ele atribui outra significativa vantagem: ‘esconder’ a sujeira. “Ele não deixa as indicações tão aparentes e, para quem tem pets que soltam muito pelo, é uma perfeita opção para auxiliar a necessidade de manutenção”, argumenta.
Com esses atributos já relacionados, os tons de cinza trazem estabilidade para a rotina diária e podem, segundo o Feng Shui, auxiliar em relações pessoais. Abaixo, o arquiteto dá algumas dicas sobre como utilizar essa cor!
1. Sutileza, versatilidade e elegância
Na escala cromática, o cinza se encaixa em uma disposição intermediária entre o branco e o preto. Apesar de não ser uma das escolhas mais populares, transfere para o ambiente sutileza, versatilidade e elegância. Segundo o arquiteto Bruno Moraes, as tonalidades podem contribuir de várias formas para o projeto de interiores – seja com uma essência positiva ou negativa.
“O cinza entrega sensações aconchegantes quando utilizado em lugares claros. Por outro lado, quando aplicado demasiadamente em tons mais escuros, pode transformar o décor em uma atmosfera mais reclusa”, analisa. Para ele, assim como o branco representa a paz no ocidente e morte no oriente, o cinza manifesta uma dualidade interessante, que precisa de cuidado. Dependendo da proporção aplicada em um ambiente e à questão cultural do morador, a cor transmitirá frequências diferentes.
2. Melhores combinações
O cinza tem a facilidade de determinar composições muito criativas. Segundo o arquiteto, a tonalidade conversa muito bem com o preto e gradientes de amadeirados. O próprio branco – muitas vezes compreendido como ausência de cor –, quando combinado com nuances mais claros de cinza, abre um efeito interessante. “Gosto muito de lançar mão do cinza bem clarinho em paredes com forro de gesso e rodapés brancos”, acrescenta.
Nos projetos assinados pelo arquiteto, o cinza também entra em cena como uma cor secundária, sempre com o intuito de valorizar os outros tons e objetos de decoração. “Mas é claro que essa decisão vai depender de qual é a cor protagonista e a quantidade em que ela aparece no ambiente”, complementa.
3. Estilos de decoração
O cinza marca presença em todos os estilos decorativos, entretanto, no industrial ele é hors concours. “A cor é presença certa em lajes aparentes, vigas e pilares em concreto armado, além do piso em cimento”, relata Bruno. Um dos benefícios da cor é a sua neutralidade e simplicidade para conciliar com outros elementos.
No passado, a cor estava fortemente atrelada aos estilos arquitetônicos que usavam e abusavam do concreto, como o Modernismo e o Brutalismo. Todavia, levando em consideração que algumas modas sempre voltam e se renovam, hoje o cinza é considerado como uma tonalidade de equilíbrio nos ambientes.
4. Combinação com outras cores
Segundo o arquiteto, essa tonalidade é predominante em ambientes masculinos, mas é facilmente adaptada para um viés de décor feminino. “O cinza se compatibiliza acertadamente com rosa, lilás ou a lavanda”, orienta. Mas se a proposta for ousar, é superviável a sintonia com o neon, resultando em um ambiente mais vivo e contemporâneo.
5. Leveza de um ambiente
As tonalidades mais claras são mais empregadas quando a proposta do ambiente foi a de exteriorizar a leveza. É claro que, com tons mais escuros é necessário cuidado: a recomendação é que eles apareçam pouco e sejam combinados com mais claros, criando um perfeito equilíbrio entre eles.
“Sempre recomendo trabalhar com a técnica de ter tonalidades próximas, como um ‘tom sobre tom’, gerando contraste entre mais claros e escuros. Dependendo da proposta, quando queremos criar ambientes mais sóbrios, predominamos a cor. Em contrapartida, em ambientes mais vivos, preciso entrar com outra cor como destaque e deixar o cinza como um pano de fundo”, acrescenta Bruno.
Por Emilie Guimarães
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