A onicofagia, caracterizada pelo hábito compulsivo de roer, morder ou comer as unhas, é frequentemente associada ao estresse, ansiedade, medo e frustração. Quando o comportamento evolui para um vício, o indivíduo pode começar a morder também a pele ao redor das unhas, causando feridas que podem infeccionar e gerar inflamações nos dedos e nas mãos. Além disso, esse hábito facilita a transferência de bactérias das mãos para a boca, aumentando o risco de cáries e infecções na região bucal.
O professor do curso de Odontologia da Faculdade Anhanguera, Rafael Parteli, explica que além do tratamento odontológico e estético, o dentista deve encaminhar o paciente com esse problema para ser orientado por um profissional de psicologia.
“Em alguns casos é necessário a participação de equipe multidisciplinar, pois o tratamento não é baseado apenas em restaurar os dentes, sarar as lesões de lábios e mucosas bucais. É preciso entender qual é o motivo desse problema e saná-lo. Se não executado por completo, o paciente vai ter muitas passagens pelo consultório para realizar reparos”, explica o especialista. A prevalência do hábito desencadeará os mesmos problemas nos dentes já tratados, podendo resultar em perda de um ou mais.
Perigos para a saúde bucal
Os dentes anteriores e os caninos são os mais afetados por entrarem em contato direto com as unhas e desgastarem primeiro, ocasionando, inclusive, fraturas e sensibilidade. A alteração do tamanho das peças dentárias gera complicações nas mordidas e em todo o sistema mastigatório, como maxilar, articulações e músculos, gerando riscos e prejudicando funções como mastigar, falar, respirar, deglutir, soprar, assobiar, entre outras.
Risco para as crianças
Em crianças, a situação pode ser ainda mais agravante, sobretudo para aquelas que chupam chupeta. Só esse hábito já altera a posição dos dentes decíduos (conhecidos como dentes de leite), interferindo na saúde dos permanentes. Se for somado à prática de roer unhas, a tendência é ter que realizar um longo tratamento para alinhar os dentes.
Principais consequências do ato de roer as unhas
A seguir, o mestre em odontologia comenta sobre as principais consequências causadas pelo ato de levar a mão à boca para roer as unhas e morder peles ao redor da região:
- Retração gengival: a gengiva retrai e expõe a raiz do dente, causando sensibilidade no momento da ingestão de líquidos, principalmente gelados.
- Infecção e inflamação: o indivíduo pode desenvolver periodontite (inflamação da gengiva), aftas, herpes e outras doenças.
- Cárie: as bactérias oriundas das mãos atingem os dedos e corroem a estrutura dos dentes.
- Má oclusão: a posição dos dentes fica comprometida, e os superiores não se encaixam adequadamente nos inferiores, alterando a musculatura e causando dor.
- Mau hálito: as bactérias das mãos se propagam pela boca inflamada e/ou lesionada e causam odor ruim.
Por Nicholas Montini Pereira
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