Veja países que limitam a figura do Papai Noel

O Papai Noel, uma das figuras mais queridas e universais do Natal, já enfrentou momentos conturbados ao longo da história. Em alguns países, sua imagem festiva foi banida por razões políticas, religiosas ou culturais. A figura do bom velhinho, que simboliza generosidade e celebração, nem sempre foi tão bem-vinda em certas partes do mundo.

“O Papai Noel, embora hoje seja amplamente associado ao comércio e à tradição natalina ocidental, carrega simbolismos que, em certos contextos, desafiam valores ou ideologias predominantes. Isso levou algumas sociedades a vetarem sua presença, especialmente em períodos ou regimes de forte controle cultural e político”, explica o professor Pedro Rennó, historiador da Plataforma Professor Ferretto.

Limitação da figura do Papai Noel

Um dos exemplos mais emblemáticos ocorreu na antiga União Soviética. Durante parte do período comunista, celebrações religiosas, incluindo o Natal, foram desencorajadas, já que os valores do cristianismo eram vistos como incompatíveis com a ideologia marxista. Em vez disso, figuras como Ded Moroz, o “Avô Gelo”, foram promovidas como substitutas seculares do Papai Noel.

Na Arábia Saudita, a proibição do Papai Noel está vinculada ao rigor religioso. Como o Natal não faz parte das tradições islâmicas, a celebração é desestimulada, e a figura do bom velhinho é vista como um símbolo de influência ocidental. Mais recentemente, em alguns países asiáticos, como a Coreia do Norte, a presença do Papai Noel é limitada. Nesses casos, a rejeição está atrelada a uma postura política que busca restringir símbolos externos e preservar valores locais.

“O Papai Noel, por mais inofensivo que pareça, às vezes é interpretado como um embaixador de valores culturais estrangeiros. Isso desperta tensões em contextos de resistência à globalização ou à influência ocidental”, ressalta Pedro Rennó.

papai noel escrevendo em papel sob mesa verde e presentes ao lado
Algumas culturas optam por moldar o Papai Noel de acordo com suas tradições (Imagem: FamVeld | Shutterstock)

Perspectivas geopolíticas e culturais

Para Felipe Vasconcelos, jovem estudioso de geopolítica e criador do Observatório Atena, o Papai Noel também pode ser visto como um exemplo de como símbolos culturais refletem dinâmicas de poder no cenário internacional.

“A rejeição ao Papai Noel em certos países não é apenas uma questão de tradição ou religião, ela revela disputas culturais mais amplas, em que símbolos globais, como o Papai Noel, acabam sendo percebidos como agentes de uma hegemonia cultural ocidental”, comenta. Essas tensões, segundo Felipe Vasconcelos, nos mostram como a globalização não é homogênea e como as sociedades reagem para preservar suas próprias narrativas culturais.

Ele ainda destaca que a ressignificação do Papai Noel, como ocorreu com Ded Moroz na Rússia, demonstra que os símbolos globais podem ser adaptados a contextos locais. “Em vez de simplesmente rejeitar a figura, algumas culturas optam por moldá-la de acordo com suas tradições. Isso cria um diálogo interessante entre o global e o local, enriquecendo as celebrações”, pontua.

Papai Noel e tradições culturais locais

Além das questões ideológicas e religiosas, o Papai Noel também enfrenta desafios relacionados à preservação de tradições culturais locais. Em algumas regiões da Europa, por exemplo, figuras folclóricas como São Nicolau ou personagens como Krampus ainda dominam as celebrações natalinas, resistindo à padronização promovida pelo simbolismo do bom velhinho moderno. Isso mostra que, mesmo em locais onde ele não é proibido, sua aceitação pode ser limitada por questões culturais profundamente enraizadas.

“Essas proibições ou resistências ao Papai Noel nos convidam a refletir sobre como tradições e símbolos globais interagem com identidades locais. Apesar de parecer universal, a imagem é constantemente ressignificada pelas culturas que o recebem – ou rejeitam”, conclui Pedro Rennó. Essa diversidade de perspectivas reforça a riqueza e a complexidade das celebrações natalinas em um mundo cada vez mais globalizado.

Por Yasmin Paneto

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