Muitos medicamentos disponíveis atualmente têm sua origem em estudos que partiram da sabedoria popular, que utilizava os recursos da natureza como remédio para tratar diversas doenças. Essa prática ancestral inspirou o desenvolvimento de fármacos modernos, mas as plantas medicinais e os fitoterápicos continuam desempenhando um papel importante no cuidado com a saúde.
Graças às suas propriedades terapêuticas, muitas dessas substâncias naturais são amplamente utilizadas como alternativas ou complementos aos tratamentos convencionais, promovendo bem-estar de forma acessível e integrada à tradição cultural.
De acordo com a farmacêutica Luciana Calazans, as plantas medicinais são aquelas capazes de aliviar ou curar enfermidades e são utilizadas tradicionalmente como remédio em uma população ou comunidade. “É preciso conhecer a planta e saber onde colhê-la e como prepará-la”, alerta. Quando a planta medicinal é industrializada para a elaboração de um medicamento, tem-se como resultado o fitoterápico.
Plantas medicinais no tratamento de doenças
A utilização de plantas medicinais no tratamento de enfermidades é uma das formas mais antigas de cura, e foi consolidada a partir da sabedoria popular. Porém, com o passar dos anos e com os avanços científicos da medicina, essa prática perdeu espaço para os medicamentos sintéticos. Ainda, plantas medicinais e fitoterápicos são muito importantes na cura de diversas doenças, mas também devem seguir normas de preparo e consumo.
Importante conhecer os efeitos
As plantas medicinais possuem princípios ativos e, quando utilizadas de maneira incorreta, podem gerar reações adversas. “Algumas plantas possuem contraindicações de uso, assim como qualquer outro medicamento. Nesse sentido, deve-se conhecer a procedência da planta, a parte utilizada, forma de utilização, posologia, modo de uso, via de administração e indicações terapêuticas. Além disso, o medicamento deve ser adquirido em uma farmácia que possa garantir a procedência e qualidade das plantas”, indica Thiago Braz, farmacêutico pela Universidade de São Paulo (USP).
De acordo com Luciana Calazans, as plantas medicinais devem ser empregadas seguindo orientações de um médico, nutricionista ou farmacêutico. “Um dos problemas mais frequentes com a interação medicamento-planta é o efeito sinérgico. Por exemplo, a ginkgo biloba tem efeito anticoagulante, assim como o ômega 3, a linhaça e o ácido acetilsalicílico (ASS); se a pessoa estiver utilizando todos esses produtos, correrá sério risco de hemorragias”, explica. Ela também alerta para o efeito laxante de algumas ervas que, associadas a outros medicamentos, podem ter efeito muito intenso.
Preparo correto
Outro aspecto importante é saber como preparar o medicamento com as plantas, pois dependendo do objetivo, o modo de preparo pode variar. “De acordo com o ativo que se quer extrair da planta, você utiliza um método específico, já que em uma mesma planta coexistem vários fitoquímicos (ativos). Se esse ativo estiver em partes mais tenras, por exemplo, folhas, ele não pode ser colocado em decocto, e, sim, em uma infusão”, explica Luciana Calazans.
Para definir o modo de preparo e como utilizar os medicamentos naturais e fitoterápicos, o Formulário de Fitoterápicos – Farmacopeia Brasileira, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), apresenta uma lista com as quantidades certas de cada ingrediente, as advertências e as contraindicações.
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