8/1 completa dois anos e tem Valdemar Costa Neto entre os 37 nomes indiciados

O dia 8 de janeiro de 2023 ficou marcado na história da democracia brasileira. Neste mesmo dia, há dois anos, a Praça dos Três Poderes, em Brasília, recebeu um conjunto de invasões e depredações. Hoje, a Polícia Federal e o Supremo Tribunal Federal (STF) indiciaram 37 nomes, incluindo o do mogiano Valdemar Costa Neto. Também de Mogi, Sheila Mantovanni foi presa no dia do ato e em 2024 concorreu à prefeitura. Relembre o dia 8/1 e os eventos que sucederam a tentativa do golpe.

No começo desta quarta-feira (8/1), o presidente Lula não deixou a data passar em branco. “Hoje é dia de dizermos em alto e bom som: ainda estamos aqui. Estamos aqui para dizer que estamos vivos e que a democracia está viva, ao contrário do que planejavam os golpistas de 8 de janeiro de 2023”. Com essas palavras, o presidente iniciou o discurso em ato no Palácio do Planalto.

A frase tem como referência o filme “Ainda Estou Aqui”, dirigido por Walter Salles e estrelado por Selton Mello e Fernanda Torres – ganhadora do Globo de Ouro – que conta a trajetória de Eunice Paiva, esposa de Rubens Paiva, durante a ditadura militar, quando o marido foi preso e assassinado pelos militares do regime.

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Com camisas amarela e verde, as mesmas cores da seleção brasileira, manifestantes bolsonaristas protagonizaram cenas de violência, após a derrota de Jair Messias Bolsonaro (PL) nas urnas, para o atual presidente da república Luis Inácio Lula da Silva (PT). Dois anos depois, houve uma cerimônia que contou com a presença de ministros, parlamentares, governadores e representantes dos Três Poderes.

Obras retornam ao Planalto

Em uma cerimônia anterior, o presidente recebeu de volta 21 obras de arte e peças do acervo cultural do Palácio do Planalto, que haviam sido vandalizadas pelos invasores no dia 8 de janeiro de 2023, entre elas, um relógio suíço do século 18 que pertenceu a Dom João VI e a icônica pintura As Mulatas, de Di Cavalcanti.

Após a cerimônia no Salão Nobre do Planalto, Lula e as autoridades desceram a rampa do palácio para um ato na Praça dos Três Poderes, batizado de Abraço da Democracia, com a presença de populares e movimentos sociais.

Moradora de Mogi envolvida no dia 8/1

Uma moradora de Mogi das Cruzes, foi uma dos invasores do dia 8/1. Nascida em São Paulo e moradora de Mogi das Cruzes há 15 anos, a professora Sheila Mantovanni foi presa pelo envolvimento no dia e considerada pela Justiça como uma das financiadoras do movimento.

Em entrevista ao O Diário, no dia 24 de julho de 2024, Sheila comentou que a situação estava resolvida com a Justiça. O processo – que pedia a sua condenação por incitação ao crime e associação criminosa – teve um fim após Acordo de Não Persecução Penal (ANPP) ser feito com a Procuradoria Geral da República (PGR).

O ANPP é um termo celebrado entre o Ministério Público e a pessoa investigada. No caso dos indiciados pela participação nos atos de 8/1, o acordo foi oferecido aos réus que respondiam unicamente pelos delitos de incitação ao crime e associação criminosa, considerados de menor gravidade.

Sem impeditivos legais, Sheila se candidatou à prefeita da cidade em 2024, durante as eleições municipais, pelo PMN. A candidata terminou a eleição com 1.453 votos, sendo a quarta mais votada.

Sheila Mantovanni, candidata à Prefeitura de Mogi das Cruzes em 2024 | Geovanna Albuquerque/O Diário de Mogi
Sheila Mantovanni, candidata à Prefeitura de Mogi em 2024 | Geovanna Albuquerque/O Diário.

Mogiano Valdemar Costa Neto indiciado

A PF aponta que o Instituto Voto Legal trabalhou em conjunto com Valdemar Costa Neto e Jair Bolsonaro para disseminar desinformação sobre supostas fraudes nas urnas eletrônicas. Essas teorias, sem respaldo científico, foram amplamente compartilhadas nas redes sociais, contribuindo para o ambiente de instabilidade que precedeu os atos de 8 de janeiro.

Valdemar Costa Neto, natural de Mogi das Cruzes e presidente nacional do PL | Divulgação/PL
Valdemar Costa Neto, natural de Mogi das Cruzes e presidente nacional do PL | Divulgação/PL

Sobre a tentativa de golpe de Estado e as investigações que apontam uma trama para assassinar o presidente Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, o presidente voltou a cobrar punição e pregar direito de defesa. “Os responsáveis pelo 8 de janeiro estão sendo investigados e punidos. Ninguém foi ou será preso injustamente. Todos pagarão pelos crimes que cometeram, inclusive os que planejaram os assassinatos do presidente, do vice-presidente da República e do presidente do Tribunal Superior Eleitoral”.

O presidente do Partido Liberal, Costa Neto, é um dos 37 nomes indiciados pelo STF. Neste final de ano, no dia 12 de dezembro, e ele e o coronel do Exército Marcelo Câmara, ex-assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro, prestaram depoimento à Polícia Federal (PF), em Brasília. O caso e os envolvidos seguem sendo investigados.

“Democracia será plena quando todos e todas sejam, de fato, iguais”

Ainda em seu discurso em defesa da democracia, Lula falou que esse regime é uma obra em construção, e precisa ser uma realidade para todas as pessoas, além do discurso.

“Democracia para poucos não é democracia plena. Por isso, a democracia será sempre uma obra em construção. A democracia será plena quando todas e todos os brasileiros, sem exceção, tiverem acesso à alimentação de qualidade, saúde, educação, segurança, cultura e lazer”, observou.

Lula seguiu destacando a necessidade de construir um país mais justo, especialmente para as minorias sociais oprimidas do país.

“A democracia será plena quando todos e todas sejam, de fato, iguais perante à lei, e a pele negra não seja mais alvo da truculência dos agentes do Estado. Quando os povos indígenas tiverem direito às suas terras, suas culturas e suas crenças. Quando as mulheres conquistarem igualdade de direitos, e o direito de estar onde quiser estar, sem serem julgadas, agredidas ou assassinadas”, afirmou.

Cerimônia contou com a presença de ministros, parlamentares, governadores e representantes dos Três Poderes | Lula Marques/ Agência Brasil.
Cerimônia contou com a presença de ministros, parlamentares, governadores e representantes dos Três Poderes | Lula Marques/ Agência Brasil.

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