Dia do Agricultor: mudanças climáticas impõem novos desafios para produtores rurais do Alto Tietê


Mudanças climáticas impactam diretamente na vida no campo. Diego Carbonell, especialista em ESG, afirma que nova perspectiva de clima causa variações no na produtividade dos alimentos. Dia do Agricultor: mudanças climáticas geram desafio para produtores do Alto Tietê
O Dia do Agricultor é celebrado nesta sexta-feira (28). Por estar no Cinturão Verde do estado de São Paulo, o Alto Tietê possui um grande número de pessoas que se dedicam ao trabalho na terra. Nos últimos tempos, os desafios para os produtores da região são ainda maiores por causa das mudanças climáticas.
“Já tem um tempo que nós estamos aí an hora. Até hoje é uma fonte de renda pra todos os descendentes que têm desde o meu vó, já era café, o meu pai veio pra cá. E nós estamos continuando e quero passar para os meus filhos também”, disse o agricultor Giovani Pelegrin.
Produção agrícola no Alto Tietê faz parte do Cinturão Verde do estado de São Paulo
TV Diário/Reprodução
O produtor de Suzano cultiva uma relação de paixão com a terra. A agricultura é a herança da família e, assim, atravessando gerações, vêm também as dificuldades. A vida no campo está longe de ser tranquila e, muitas vezes, não há como evitar os problemas.
“Antigamente nós plantamos muita couve e arriscava no alface. Hoje em dia, eu já quase não estou arriscando o alface. Eu preferi segurar em verdura mais bruta um pouco, tipo repolho, tem brócolis ninja, essas coisas um pouco mais brutas. Você consegue manter melhor, numa chuva de pedra você consegue recuperar mais fácil”.
A seca com o calor e as geadas com o inverno são algumas das situações que acompanham Giovani nos mais de 20 anos como agricultor. A lista de dificuldades é grande, mas nem por isso ele diminui as expectativas para o futuro.
“Não é um ramo fácil, porém nenhum ramo é fácil. Tudo é dificuldade que dá prazer de continuar no ramo. Passar pro meu filho pra ele passar pra os filhos dele e assim continuar”, diz Giovani.
Já no sítio de João Roberto de Almeida, em Mogi das Cruzes, são 117 mil metros quadrados e 90% só de mata. Cambuci, erva-doce, banana prata e milho são colhidos direto do pé. Por lá, os cuidados com a natureza vão além da preservação.
“Nós aqui já plantamos mais de quinhentas mudas de nativas, 95% nativas. Então, há uma floresta, um caporão aqui. Há outros locais que estão regenerando, que a gente está deixando regenerar. Nós temos que pegar áreas que estão, vamos dizer assim, destruídas e colocá-las com vida. E qual a maneira de colocar com vida? Plantando. Você plantando, você protege a sua mina d’água, você protege o rio, você protege a sua plantação. Esse é o segredo”, contou o produtor.
Cambuci é um dos alimentos cultivados na propriedade do agricultor João Roberto de Almeida
TV Diário/Reprodução
Tem pé de araçá e abacaxis brotando. E não podia faltar também trilhas pela mata. A água que corre é da nascente. Esta é uma propriedade particular que tem vida própria e vai, em breve, estar pronta para receber turistas. Com isso, o produtor cria uma economia voltada para o cuidado com o meio ambiente.
Além da necessidade de plantar e vender, também é preciso cuidar do ecossistema. O meio ambiente está sentindo os efeitos das mudanças climáticas e isso impacta diretamente na vida no campo.
“Na nova perspectiva de clima, você vai acabar tendo variações no que hoje são questões de produtividade de cada alimento. É provável que alguns alimentos que são mais impactados pela questão de seca ou pela questão do excesso de chuvas vão ser alterados e provavelmente vão ter os seus preços aumentados por conta dessa redução de oferta desses alimentos e a questão de pragas. Basicamente o que acontece também com relação às doenças que a gente tem em relação aos seres humanos. Na verdade, algumas pragas são mais adaptáveis ao clima mais quente ou mais úmido. você acaba tendo maior recorrência delas e deixa de ser uma praga pontual, naquele momento específico do ano, acaba se tornando algo recorrente. Você tem uma dieta muito brusca na produtividade dentro dessas áreas agrícolas”, explicou o especialista em Governança ambiental, social e corporativa (ESG), Diego Carbonell.
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