Matrículas na Educação Para Jovens e Adultos (EJA) no estado de São Paulo têm queda neste ano, segundo a Secretaria do Estado da Educação. Apesar disso, estudantes da região seguem determinados a concluir a educação básica. Matrículas na educação de jovens e adultos caem no Alto Tietê
O número de matrículas na Educação Para Jovens e Adultos (EJA) no estado de São Paulo apresentou queda, segundo levantamento da Secretaria de Educação, mas exemplos de que nunca é tarde para aprender não faltam no Alto Tietê.
Olhos atentos, leitura na ponta da língua, mas nem sempre foi assim. “Não sabia ler, de jeito nenhum. Se eu fizesse uma letrinha, nem eu sabia o que eu estava fazendo. Fiquei com muito medo, vim pra cá apavorada, mas cheguei aqui e fomos muito bem recebidos. E eu comecei a estudar. E cada dia mais o medo vai sumindo”, disse a aluna Maria das Graças Santos.
Alunos do EJA em sala de aula de escola estadual de Suzano
TV Diário/Reprodução
Na mesma turma, Antônio Bezerra Ferreira já consegue ler, mas ainda está aprendendo a escrever. Toda essa dedicação é para tentar realizar um sonho: tirar a carteira de motorista.
“Precisava tirar minha carta de motorista. Ler eu sei, mas eu não sei escrever. Aí fica difícil da gente fazer. Por isso que eu procurei a escola. O pessoal aqui é tudo bom, dos professores até os alunos, tudo são bons”, disse o aluno, de 68 anos.
Cada um tem uma meta e já deu um grande passo para alcançá-la. Mesmo com dificuldades, os colegas se ajudam.
“Um ajuda o outro. Eu não sou egoísta, se precisar de ajuda, eu ajudo”, contou o estudante Alexandre Conceição Augusto.
No decorrer do curso, muitos pensavam em desistir. Mas graças à sala de leitura e ao incentivo da professora Vanessa, eles continuaram no desafio da aprendizagem.
“Quando eles chegam, aí tem aquelas dificuldades de acompanhar os outros, que estão um pouquinho adiantados. Aí eles ficam ‘ah, vou desistir, vou desistir, porque eu não consigo, eu não aprendo’. Aí é a parte que eu entro, falo ‘não, vai aprender sim, vamos lá comigo, a gente vai começar a dar o reforço’. A partir daí eles começam a perceber que eles conseguem, vai despertando e aí vai”, explicou a professora Vanessa Costa da Silva.
Jovens e adultos podem concluir o ensino básico através do EJA
TV Diário/Reprodução
Segundo a Secretaria Estadual de Educação, houve uma queda na matrícula de alunos na modalidade de Educação de Jovens e Adultos no Alto Tietê, totalizando 2,8 mil estudantes. No ano passado, eram 3,8 mil matriculados, enquanto em 2021 eram 3,9 mil.
De acordo com o IBGE, o Brasil possui 11 milhões de analfabetos, o que representa 6,6% das pessoas com mais de 15 anos.
No Alto Tietê, a taxa de alfabetização de pessoas com mais de dez anos passou de 90% no último levantamento, em 2010. Poá atingiu 96,92%, Mogi das Cruzes 96,28%, Suzano 95,47%, Ferraz de Vasconcelos 95,44%, Itaquaquecetuba 94,70%, Guararema 93,45%, Santa isabel 93,15% e Biritiba Mirim 92%.
Em uma escola estadual em Suzano, todas as turmas de EJA estão completas e o ensino para esses adultos é algo importante.
“São aqueles alunos que pararam de estudar ou que, por algum motivo, tiveram uma interrupção, ou porque tiveram que trabalhar. A gente teve bastante resultados positivos, nós temos ex-alunos nossos que são professores, que passaram em concurso público. A gente tem notícia de aluno que já terminou a universidade, está fazendo pós-graduação. Então, pra nós, a alfabetização é central”, disse Altair de Oliveira Gomes, diretor da escola.
Em meio a tanta história de superação aparece a de Antônio João de Souza. Aos 78 anos, ele é considerado pelos colegas um escritor. Isso porque ele conseguiu contar uma pequena parte de sua história de vida num livro colaborativo.
“A nossa querida professora aqui que pediu pra gente escrever uma mensagem contando um pedacinho da história da gente. Eu não sabia ainda escrever nada, nem ler nada. Eu só tinha feito o primeiro ano. Agora, graças a Deus,com a força que os nossos professores dão, aqui todos os professores são ótimos… Eu considero todas as professoras aqui uma mãe. Você sabe quem incentiva a falar quando nós somos pequenininhos? A mãe. E sabe quem ensina pra nós aqui? É a nossa professora, considerada mãe, segunda mãe”, explicou o aluno.
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