Lideranças religiosas organizam evento em homenagem a Ogum em Biritiba Mirim


Pelo sincretismo religioso, o orixá está associado a São Jorge. Integrantes da umbanda de várias cidades da região prestigiaram o evento realizado no domingo (23). Movimento organiza homenagem a Ogum em Biritiba Mirim
Milhares de pessoas ao redor do mundo celebraram neste domingo (23) o dia de São Jorge, que está associado a Ogum. Em Biritiba Mirim, o movimento “Unidos Pelo Axé” realizou um evento em homenagem ao orixá.
Uma fé que pulsa a cada compasso. “Curimba é a batida do nosso coração. Nós não conseguimos visualizar um terreiro de umbanda sem a curimba. É o nosso mantra, é a nossa louvação, é a firmeza do nosso terreiro”, disse o pai pequeno Flávio de Godói Alves.
Evento realizado em Biritiba Mirim celebrou e homenageou o orixá Ogum
TV Diário/Reprodução
A curimba, que também é conhecida como atabaque, é só um dos símbolos da umbanda. A religião de matriz africana, mas que é 100% brasileira, traz como lema a caridade e o amor ao próximo.
“É uma religião nascida e criada no Brasil. Os escravos, na época da escravidão, eles vinham para o Brasil para serem explorados, a mão de obra, trabalho, e eles se reuniam no fundo dos grandes casarões onde, à noite, eles se juntavam e cultuavam a religião, a cultura, aonde surgiu a curimba, a batucada, o samba de roda, a feijoada. E a nossa religião, nós podemos ter o orgulho de dizer que é 100% brasileira”, explicou o líder religioso.
Para os mais de 50 fiéis que se reuniram na Praça São Benedito, em Biritiba Mirim, o domingo foi dia de vestir o branco, colocar as guias e celebrar Ogum, um dos orixás mais populares do país, que é associado a São Jorge, santo guerreiro cultuado pela igreja Católica.
“Pra acabar um pouco com o preconceito da cidade. Eu tive essa ideia de juntar mais terreiros pra Biritiba. E daí foram terreiros de Mogi gostando da ideia, dessa união, desse movimento. Daí começou com essa ideia, ‘isso mesmo, vamo lá, vamo todo mundo junto, com a mesma bandeira e seguir um propósito só’”, disse a mãe de santo Karina Alves.
Representantes de outras cidades também participaram, como Douglas, que é pai de santo da Tenda de Ogum Rompe Mato e Pai João da Mata.
“É muito importante unir as religiões, unir as casas pra isso fortalecer ainda mais, desmistificar que a umbanda é uma religião, como o católico, como o evangélico. Nossas crenças. E como Deus, Jesus Cristo diz, nós temos que amar ao próximo como a nós mesmos. E é isso que a umbanda prega, amar ao próximo”, contou o pai de santo.
Com a espada de São Jorge nas mãos, o grupo percorreu as principais ruas do Centro de Biritiba Mirim. A música, que entoava os “Pontos de Ogum”, marcou todos os momentos do trajeto.
“O momento em que vivemos, eu acho que é de agradecimento, por tudo o que passamos, pelas batalhas e conquistas que tivemos dos anos que vêm passando, de tanta coisa que vem acontecendo. E parece que o ser humano, com tudo o que veio, não aprendeu nada. Nós estamos aqui pra agradecer, mais uma vez, por essa batalha que vivemos. Acho que esse é o grande significado do dia de hoje”.
Fiéis percorreram as principais ruas do Centro de Biritiba Mirim em homenagem a Ogum
TV Diário/Reprodução
O evento ainda contou com apresentações de curimba. No palco, os representantes dos terreiros se revezaram. Um espetáculo que fez até quem não é da religião parar para prestigiar.
“É o respeito que as pessoas têm que ter na religião. Tem muita gente que critica, só que não conhece. E aí, quando você passa a conhecer, aí você começa a ter uma visão diferente. E tem que ser assim, a gente tem que saber se adequar com tudo e todos”, disse a atendente Ana Paula Alves Mandelli.
Esse foi o terceiro evento realizado pelo Movimento Unidos pelo Axé. Apesar de estarmos em pleno 2023, onde tudo isso deveria ser comum, corriqueiro, assim como acontece com qualquer festa religiosa, ter a liberdade de vestir a roupa branca, colocar a guia e cantar a sua crença em um espaço aberto significa uma enorme quebra de barreiras.
“Eu me surpreendi. Eu pensei que a gente ia sofrer um preconceito por isso, mas não. Muitas pessoas que eram da religião, que tinham esse medo de sair pra rua, chegaram e falaram ‘olha, gostei. Hoje eu vou andar aqui em Biritiba com a minha guia de fora, vou aparecer’. Então, esse movimento abriu a mente do pessoal daqui”, explicou Karina.
“Uma palavra é liberdade. Liberdade de expressão, liberdade de você conseguir mostrar sua fé ao próximo e dividir sua fé”, completou Douglas.
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