Rota da Luz: Caminho de meditação e contemplação atrai peregrinos do Brasil e do exterior até Aparecida


Com 201 quilômetros de extensão, caminho permite ao peregrino fazer uma reflexão de vida e de fé ao mesmo tempo em que vislumbra a natureza e em alguns pontos a Mata Atlântica. Guararema é uma das cidades que integram a Rota da Luz até Aparecida
Maiara Barbosa/ g1
Um caminho de meditação e contemplação, a Rota da Luz tem atraído cada vez mais peregrinos de todo o Brasil e até do exterior. Em seus 201 quilômetros de extensão, o caminho permite ao peregrino fazer uma reflexão de vida e de fé ao mesmo tempo em que vislumbra a natureza em alguns pontos a Mata Atlântica.
A Rota da Luz tem início em Mogi das Cruzes, passando por bairros rurais da cidade, como Sabaúna, seguindo por Guararema, e avançando em direção ao Vale do Paraíba até chegar em Aparecida.
Muito movimentada em outubro por causa do Dia de Nossa Senhora Aparecida, celebrada dia 12, a Rota da Luz recebe peregrinos o ano inteiro.
“Turistas norte-americanos, europeus, França, Holanda, Espanha. Pessoal desce em Guarulhos e embarca no trem. Na Europa é comum pegar trem. Desce em Mogi e faz a Rota da Luz”, afirma o presidente da Associação dos Amigos da Rota da Luz, Ubirajara Nunes.
O representante da entidade completa que as pessoas que gostam de fazer peregrinações vão encontrando brasileiros em outros roteiros, como o Caminho de Santiago, e conhecem a rota. “Hoje em dia tem a internet que favoreceu isso. Pessoal busca, se interessa e vem. É outra cultura”, avalia Nunes.
Ele ressalta que a Rota da Luz não é apenas um caminho para os católicos que fazem romaria até Aparecida. “Caminho para meditação, contemplação das paisagens, observação da natureza e momento de paz e tranquilidade. Muita gente fala que a Rota da Luz é distante e tem montanha. Alguns peregrinos dizem que o caminho traz tranquilidade e reflexão.”
Outro ponto é a segurança que a rota dá aos peregrinos. “Na Dutra a pessoa está na rodovia e barulho ensurdecedor de carro e caminhão. Não tem momento de introspecção e se conseguir fica desatenta e acidente fica próximo de acontecer.”
A pé ou de bicicleta
O presidente da Associação dos Amigos da Rota da Luz lembra que a rota, criada em 2016, é usada tanto por peregrinos que fazem o percurso a pé como quem opta pela bicicleta.
Mapa da Rota da Luz
TV Globo/Reprodução
A rota liga o município de Mogi das Cruzes ao Santuário Nacional de Aparecida. Durante o caminho, os peregrinos passam pelas cidades de Guararema, Santa Branca, Paraibuna, Redenção da Serra, Taubaté, Pindamonhangaba e Roseira.
Nunes destaca que alguns trechos chamam a atenção dos peregrinos, como o distrito de Sabaúna em Mogi das Cruzes, e a Vila de Luís Carlos, em Guararema. Segundo ele, estes são lugares bucólicos e com muita natureza. “Cada cidade tem sua particularidade e no trecho de Paraibuna – Redenção da Serra tem a Represa de Paraibuna que margeia um trecho grande. Tem a serra entre Redenção e Taubaté. Cada cidade tem sua beleza.”
Ele detalha que os peregrinos que fazem o percurso a pé demoram, em média, seis dias para chegar em Aparecida, caminhando de 30 a 35 quilômetros por dia. Já de bicicleta, é possível fazer o trajeto em dois dias.
Grupo de ciclistas percorre a Rota da Luz
Ubirajara Nunes/Divulgação
Acolhimento e Apoio
Ubirajara Nunes conta que há acolhimento nas hospedagens que recebem os peregrinos. Muitos locais preferem acomodar primeiro o peregrino, permitindo que ele tome banho e se instale para depois fazer o registro. Mas eles também fazem um monitoramento de quem já fez a reserva. “Grupo de Whats [WhatsApp] de peregrinos comunicam as saídas e fica um monitoramento. Dono da hospedagem sabe o horário que chega, ele liga e até vai atrás do peregrino se necessário.”
Para apoiar ainda mais o peregrino a associação, criada em 2019, fez um site onde quem pretende fazer a Rota da Luz encontra informações do percurso, hospedagem, distância, etc.
O peregrino também tem acesso gratuito ao passaporte da rota, que é retirado na estação Estudantes da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).

Ubirajara Nunes instala placa de sinalização da Rota da Luz em Mogi das Cruzes
Ubirajara Nunes/Divulgação
Agora a associação luta para melhorar ainda mais a caminhada dos peregrinos, deixando ela mais segura. A sinalização é uma das prioridades da entidade.
“Mogi fez nova placa da rota com brasão da prefeitura e é importante isso. Guararema e Taubaté também fizeram. O peregrino vendo o brasão passa um sentimento que o município sabe quem ele é. E saber que em necessidade de chamar serviço público para onde pedir e em qual município está. A associação se coloca à disposição para instalar a placa e sabe os lugares estratégicos”, completa Nunes.
Peregrinação Conjunta
O encarregado de produção David Souza dos Santos já é veterano na peregrinação até Aparecida. De 2015 até 2017, ele caminhou pela Rodovia Presidente Dutra, mas, a partir de 2018, conta que começou a ir pela Rota da Luz e não parou mais. Tanto que a cada ano leva consigo muita gente do Brasil inteiro.
Esse ano ele partiu com um grupo de 119 pessoas com integrantes de diversos locais, como Pernambuco, Amapá e Minas Gerais. A Confraria de Maria ganha novos integrantes a cada ano que vão conhecendo o grupo pela internet e em aplicativos de mensagem.
Grupo da Confraria de Maria na saída da Rota da Luz em Mogi das Cruzes
Confraria de Maria/Divulgação
David se define como um facilitador e afirma que não ganha nada com a viagem. “Eu só organizo e assim a gente consegue dividir o valor durante o ano. A peregrinação tem regras de colaboratividade. Não posso ser peregrino e virar as costas se aparecer mais gente. Pode acompanhar o grupo”, explica Santos.
Ele conta que soube da Rota da Luz quando fazia a peregrinação pela Rodovia Presidente Dutra e foi se informar depois. Para o peregrino, andar pela rota é uma meditação onde é possível organizar a vida, a cabeça e os propósitos.
“Oportunidade de entrar na necessidade do seu coração pela sua religiosidade, caminha perto da Mata Atlântica, represa de Paraibuna e Redenção da Serra com 100 km de espelho d’água. Vivência de apoio que te oferece água ou café”, finaliza.
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