Local tem objetos, fotos e documentos que contam como foi a jornada dos combatentes da FEB na 2ª Guerra Mundial. Segunda Guerra Mundial: como Mogi das Cruzes eterniza memórias dos pracinhas
Milhares de jovens brasileiros embarcaram para a Itália há exatamente 80 anos. Eles enfrentaram os horrores da 2ª Guerra Mundial. Desse total cerca de 400 eram de Mogi das Cruzes. Uma história guardada não só na memória de filhos e netos dos pracinhas, mas também no Centro de Cultura e Memória Expedicionários Mogianos que foi reaberto para visitação.
A professora Marcia Aurora Andere de Mello guarda fotos e registros de jornais que eternizam os principais momentos do pai dela, o pracinha Miled Cury Andere. Tudo que Miled sentiu e vivenciou o inspirou a passar para o papel através da escrita. “Era muito convidado para ir as escolas e fazer palestras sobre a guerra. Este livro que relata a infância e a juventude dele e os fatos que ele viveu na guerra, a trajetória dele. Os fatos foram verificados e acabou sendo editado pela USP.”
O historiador Glauco Ricciele destaca que outros jovens de Mogi das Cruzes lutaram na Força Expedicionária na Itália. “Em 1942 o governo federal ele faz um acordo, um pacto, com o governo americano e vem buscando esses jovens para ingresso nas Forças Armadas para ida para a Europa. Com isso então Mogi das Cruzes envia naquele momento 400 jovens para a região do Vale do Paraíba que depois são distribuídos pelo Brasil para os treinamentos. A partir daí em 1943 e também 44 esses jovens começam a ingressar a viagem sentido, basicamente, Europa e vão aportar em Napoles a partir de 44. Em Napoles então são distribuídos. A maioria dos mogianos, dos brasileiros vão para a região um pouco ali entre Florença e Pisa. Aquela região toda é onde os mogianos tiveram os maiores confrontos e também Montenesi. Ali nós tivemos uma tomada da cidade feita 100% pelo Exércio Brasileiro que foi um orgulho na época para todo o País.”
Jovens valentes que embarcaram para a Europa sem terem consciência do que enfrentariam. “Jovem mogiano de 23 anos foram convocados, não tinham noção real não estavam preparados para uma guerra. Não imaginavam que realmente seriam chamadas para uma guerra. Até quando eles estavam no navio, eles estavam pensando que era uma simples manobra. Só bem depois que eles caíram em si que eles realmente estavam indo para a guerra”, afirma Márcia Andere.
Mogi das Cruzes tem ruas, monumentos e até museu em homenagem aos ex-combatentes. O Centro de Cultura e Memória Expedicionários Mogianos guarda vários itens, inclusive originais da época, que ajudam a compreender a história deles. “Mogi das cruzes de certa maneira tem vários ícones que eternizam a epopeia que foi essa 2ª Grande Guerra. O museu guarda um pouco dessa história com itens daquele período que remora o que foi a guerra. Documentações, pertences pessoais e até mesmo depoimentos em formato de vídeos. Tudo isso dentro desse espaço que está sendo reaberto. Nenhuma cidade do Brasil em compensação de habitantes em envio chegou a número parecido. Mogi foi a maior cidade que envia soldados para a 2ª Grande Guerra. E isso reflete no nosso dia a dia até hoje”, explica Ricciele.
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Memórias e saudades deixadas não apagam as feridas de uma guerra, tão pouco os ensinamentos e uma bela história. “Eu sinto gratidão por ter convivido, por ter tido como pai, um exemplo. É um privilégio que tive na vida de ter pais como eu tive e a gente tenta seguir um pouco o muito que eles nos ensinou. Ele sempre enfatizava ‘ninguém é vencedor em uma guerra, todos perdem”, lembra Márcia Andere.
O Centro de Cultura e Memória Expedicionários Mogianos fica aberto para visitação de terça a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h às 18h. Aos sábados o funcionamento é das 9h às 13h. O museu fica na Rua Coronel Souza Franco, 735, no Centro de Mogi das Cruzes.
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