Muitos apostavam que o formato seria esquecido, mas um sebo, uma loja de antiguidades e uma banda da região mostram que é possível lucrar com o velho LP. Dia do Disco de Vinil é celebrado nesta quinta-feira (20). Venda de disco em vinil tem nova alta
Nesta quinta-feira (20) é comemorado o Dia do Disco de Vinil. Muitos apostavam que o formato seria esquecido, mas um sebo, uma loja de antiguidades e uma banda do Alto Tietê têm lucrado com o velho LP. Em tempos de música por streaming, depois da pandemia, pela primeira vez as vendas de LPs ultrapassaram as de CDs.
Physical Graffiti, álbum da banda britânica de rock Led Zeppelin, lançado pela primeira vez em 1975, é um dos vinis mais importantes do livreiro Anderson Carvalho.
“Esse disco do Led Zeppelin, Physical Graffiti, me chamou muita atenção porque foi uma das primeiras bandas que eu conheci na adolescência, nos anos 70 ainda, então, eu adquiri ele assim como outros discos dele também. Mas esse é especial porque é um álbum duplo, poucas tiragens, e era muito difícil de ser encontrado por causa do preço”, diz.
O livreiro tem um sebo no Centro de Mogi das Cruzes, mas não seria fácil comprar esse dele. “Faz parte da minha história e seria muito triste me desfazer dele nesse momento. Acho que vou ficar com ele mais um pouco, mas também depende da proposta, se alguém me fizer um proposta boa, posso mudar de ideia. Já ganhei muito com ele, já curti muito e sem dúvidas por uma boa oferta posso largar”, conta.
Um disco como o do Anderson hoje em dia, custa em torno de R$ 500, mas para quem gosta de LP, no sebo tem muitas opções. Segundo o livreiro, o mercado de vinis tem crescido muito, especialmente depois da pandemia.
“A maior procura é por discos de rock e MPB, uma consequência básica, porque quando saiu o CD, muitas pessoas acharam que o vinil ia ficar esquecido, mas muito pelo contrário, ele valorizou e muito. Tem discos que custam o preço de uma casa”.
Em uma loja de antiguidades também localizada na região central de Mogi das Cruzes, há uma variedade de álbuns. São mais de 500 títulos, sucessos internacionais e nacionais, como Leandro e Leonardo, Roberto Carlos e Xuxa.
O disco do Bob Dylan, de 1960, custa R$ 300 e é o mais caro da loja. O disco duplo está intacto. “Os clientes que não são nossos fornecedores vêm até nós, por algum motivo vêm vender. A gente compra e repassa para os clientes que têm interesse. O rock é o que é mais solicitado na loja. A gente tem lista de pedidos e quem chegar primeiro é o que leva”, explica a comerciante Isabel Ribeiro.
Na loja da Isabel é possível encontrar CDs, formato lançado em 1984 que desde então, em termos de venda, desbancava o vinil. Depois da pandemia isso mudou. Pela primeira vez desde 1987, as vendas de vinil ultrapassaram as de CD. A venda de LPs cresceu 40%.
“Ainda tem saída de CDs, porque quem gosta não deixa de comprar, mas vinil é vinil, e a gente percebe que o público jovem também está buscando vinil, estão querendo conhecer como funciona o vinil, querem resgatar o passado, o que o pessoal falava sobre o vinil, que muitos jovens nem conhecem”.
Só no ano passado, foram comercializados mais de 41 milhões de LPs em todo o mundo, e esse movimento anima quem trabalha com música. Os Asteroides Trio, banda de Arujá, já têm dois trabalhos no formato e estão prestes a lançar mais um.
O Punkabilly, em vinil, foi lançado em 2018 e já foram vendidas mais de 600 cópias. Dois anos depois veio o João Gordo e Asteroides Trio. “Foi até uma emoção quando a gente ouviu a nossa música no vinil, aquele barulhinho do riscadinho do disco, então foi bem legal, uma emoção muito grande. A gente se sente privilegiado em ter um trabalho em vinil. E roda bastante, inclusive veio gente no Instagram do Japão que mostra que tem o vinil, colecionador, e isso é legal”, se orgulha o músico Leandro Franco.
O alcance dos trabalhos surpreendeu e o próximo projeto deve sair ainda este ano. “A gente está compondo ainda e a gente está bem ansioso”, diz.
Com os avanços tecnológicos, fica difícil apostar só no vinil, mas para o trio que se conheceu em 1991, o LP é insubstituível. “Você pegar na mão o disco é outra coisa, para mim eu tenho essa sensação. Não sei se é uma memória afetiva, porque desde criança a gente tem essa experiência com vinil”, afirma Leandro.
“Quem gosta de vinil diz que a qualidade do som é diferente, namorar o encarte, ler as letras, ver as cores do designer gráfico, tudo isso para quem gosta de vinil é diferente do que colocar no strimmer, não tem nada disso”, avalia Isabel.
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