Nascida em São Paulo e moradora de Mogi das Cruzes há 15 anos, a professora Sheila Mantovanni falou, em entrevista ao O Diário, sobre a sua trajetória e candidatura à Prefeitura de Mogi das Cruzes. Presa por participar dos atos em Brasília no dia 8 de janeiro de 2023, ela vai disputar a cadeira do Executivo pelo PMN, com seu nome sendo oficializado no próximo sábado (27).
Sua ligação com a política vem desde a sua criação, com seus pais incentivando o contato com o meio, mas decidiu entrar “de cabeça” e atuar na área depois dos eventos em Brasília, onde ficou presa por 117 dias.
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“Quando eu voltei [para Mogi], eu voltei muito determinada a mudar as coisas que acontecem no Brasil, mas não sabia para onde ir: eu ainda estava de tornozeleira, respondendo ao processo, sem rede social. Aí eu comecei a conversar com muitas pessoas que iam para o Tiro de Guerra, aqui em Mogi, e eles falaram: ‘Sheila, eu acho que agora é o momento’.”
A partir daí, Sheila buscou apoio à sua candidatura em diferentes legendas – incluindo o DC, PMB e PL – mas não obteve o suporte esperado. Recebida, então, pelo PMN, Sheila se lançou candidata ao lado do seu vice, o tenente Elmo José da Cruz, com quem já mantinha contato desde os protestos em frente às bases militares em novembro de 2022.
“Eu espero que as pessoas vejam a minha intenção, enquanto prefeita, de colocar um secretariado técnico, arrumar os problemas da Educação – como a demora para as crianças começarem a ler – e mostrar para as pessoas que, independente de partido, dá para fazer. É só ter vontade,” comentou Sheila.
Além disso, outra de suas propostas é a desburocratização de alguns serviços da prefeitura, principalmente relacionados à zeladoria da cidade. Sheila também defendeu mais atenção para as periferias da cidade. “Se você for olhar o Centro, as ‘coisas andam’ no Centro. Por quê? Porque o vereador anda no Centro, o prefeito anda no Centro, então lá fica tudo lindo e maravilhoso, mas você vai para o Santo Ângelo e está ruim, no Piatã também está ruim”.
Sobre o 8/1
Em relação ao seu processo referente à participação nos atos de 8 de janeiro, Sheila comentou que sua situação está resolvida com a Justiça. O processo – que pedia a sua condenação por incitação ao crime e associação criminosa – teve um fim após Acordo de Não Persecução Penal (ANPP) ser feito com a Procuradoria Geral da República (PGR).
O ANPP é um termo celebrado entre o Ministério Público e a pessoa investigada. No caso dos indiciados pela participação nos atos de 8/1, o acordo foi oferecido aos réus que respondiam unicamente pelos delitos de incitação ao crime e associação criminosa, considerados de menor gravidade.
Ainda sobre o acordo feito com os réus do 8/1, os termos previam:
- A confissão dos crimes;
- O comprometimento dos réus em prestar serviços à comunidade ou a entidades públicas;
- Que os réus não cometeriam delitos semelhantes e nem seriam processados por outros crimes ou contravenções penais;
- O pagamento de multa;
- A proibição da participação em redes sociais abertas até o cumprimento total das condições estabelecidas
- A participação em um curso sobre Democracia, Estado de Direito e Golpe de Estado.
Uma vez que estes termos foram validados, as medidas cautelares impostas anteriormente à Sheila e outros réus em condições similares foram revogadas. Portanto, não há impedimentos legais que impeçam a candidata de concorrer ao pleito municipal.
Por fim – em relação ao sistema eleitoral – a candidata comentou que se sente mais confortável em participar da disputa eleitoral neste momento, principalmente pelo incentivo que recebe de seus apoiadores.
“Independentemente do que a gente pense – se houve alguma coisa errada ou não, o tempo vai mostrar. […] Mas agora eu estou muito mais confortável. No dia 8, a gente mostrou indignação, mas mostramos que a gente tem força. Então eu me sinto mais confortável para concorrer.”
O post Presa no 8/1, Sheila Mantovanni fala sobre sua candidatura à Prefeitura de Mogi apareceu primeiro em O Diário de Mogi.