As 10 cidades do Alto Tietê enfrentam um quadro de seca, segundo os dados do Centro de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação do Governo Federal, responsável pelo monitoramento a estiagem pelo país. O Diário ouviu o pesquisador do Cemaden, Marcelo Zeri, que explicou como as cidades entraram nesta classificação e quais impactos essa seca gera para a população (confira abaixo).
As secas preocupam os brasileiros de diferentes localidades do país. Neste mês de julho, o Cemaden disponibilizou a atualização do Índice Integrado de Seca (IIS3), que mostra um aumento considerável no número de municípios em São Paulo e no sul de Minas Gerais classificados com seca extrema, saltando de 12 no mês de maio para 106 em junho. No Alto Tietê, Ferraz de Vasconcelos é a mais afetada da região, até o momento, classificada pelo centro em situação de seca severa.
O que justifica as secas?
Desde de o ano passado, o planeta enfrenta recordes de calor e uma quantidade de chuvas abaixo da média esperada, consequência do fenômeno El Niño, que simboliza o aquecimento anormal das águas do oceano Pacífico. Resultando na alteração temporária da distribuição de umidade e calor do planeta, em especial na zona tropical.
Processo para classificação
Zeri explica que o Índice Integrado do Cemaden leva três componentes em consideração para tal classificação, são eles:
- Chuva – O acumulado de chuva nos últimos três meses comparado com a média;
- Umidade no solo – Verificada por um produto de satélite que estima a quantidade de água no primeiro metro abaixo do solo, importante para o desenvolvimento das plantas;
- Índice da saúde da vegetação – Também verificada por um produto de satélite que verifica a coloração das plantas, que mede o impacto do clima na vegetação.
“Cada um desses elementos tem um valor numérico. Com a média desses componentes, classificamos de 1 a 5 a situação de seca: Seca fraca, moderada, severa, extrema e excepcional. Essas medidas são referentes a intensidade em uma escala. Essa cidade (Ferraz), está em extrema, quer dizer que ela está com os três índices bastante baixos. Começa com pouca chuva, se a seca persiste, diminui a quantidade de água no solo, o que afeta no desenvolvimento das plantas. Gerando um efeito combinado”, explica o pesquisador.
Quantas cidades brasileiras sofrem com seca severa ou extrema?
Neste momento, o Índice Integrado de Seca (IIS3) indica como previsão para julho que 1.025 cidades brasileiras irão passar para estado de seca severa. Abaixo, você pode conferir mapa divulgado pelo Cemaden no Monitoramento de Secas e Impactos no Brasil, de junho de 2024.
Impacto das secas
A falta de chuva e o tempo seco podem gerar grande impacto no dia a dia, inclusive, no bolso da população do Alto Tietê. “Estamos desde o início do ano com chuvas abaixo da média. Isso pode gerar impactos significativos na agricultura, atrapalhando o cultivo de plantas e vegetais, as safras, os novos plantios. Afeta também os recursos hídricos, o que pode afetar no futuro o abastecimento de água, como tivemos no passado. E hoje, já estão reportando que a umidade do ar em várias cidades está abaixo de 30%, este número é um valor crítico. Neste caso, as pessoas são orientadas a não realizarem atividades físicas fora de casa, para que tomem cuidado com a hidratação e se protejam”, relata Zeri.
La Niña e as chuvas
O que pode mudar este cenário é o fenômeno natural La Niña, oposto ao El Niño. Com a diminuição da temperatura da superfície das águas do Oceano Pacífico Tropical Central e Oriental, irá gerar uma série de mudanças significativas nos padrões de precipitação e temperatura ao redor da Terra. No Brasil, causa chuvas intensas nas regiões Norte e Nordeste e seca no Sul do país, com altas temperaturas. Segundo o pesquisador, o fenômeno está previsto para agosto deste ano.
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