Dia da Mulher Negra: ‘O feminismo negro sempre esteve presente na minha vida’, diz educadora e ativista de Santa Isabel


Através da educação, Lídia Maria de Lima, de 42 anos, dedica sua luta contra a desigualdade enfrentada por mulheres negras. Dia da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha é celebrado nesta terça-feira. Teóloga Lídia Maria de Lima entende desde a infância a importância da educação em sua vida
Lídia Maria de Lima/Arquivo Pessoal
As trajetórias de mulheres negras do Brasil, de toda a América Latina e do Caribe são evidenciadas nesta terça-feira (25), quando é celebrado o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha. A história de vida da educadora e teóloga Lídia Maria de Lima, de Santa Isabel, é uma delas.
Influenciada pelos pais, Lídia, de 42 anos, entende desde a infância a importância da educação em sua vida. Não apenas a formação básica de ensino, mas também questões relacionadas às suas vivências. Foi desta forma que ela construiu sua carreira profissional e também reafirmou suas convicções.
“Eu costumo dizer que a educação foi o meu pilar, a educação que me impulsionou pro mundo. Minha mãe dizia que eu seria a professora da família. Eu fiz magistério, depois eu fiz Pedagogia, fiz Psicopedagogia, mas também fiz outros cursos que me interessavam e que faziam parte dos meus sonhos enquanto estudante”, conta.
Lídia afirma que a educação foi o seu pilar e, desta forma, ela construiu sua carreira profissional e também reafirmou suas convicções
Lídia Maria de Lima/Arquivo Pessoal
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O que é o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha?
Além de concluir o ensino superior em Pedagogia, Lídia ainda cursou Comunicação Social, em Jornalismo e Teologia. Toda essa bagagem resultou no mestrado em ciências da religião, discutindo também as questões de trânsito religioso, gênero e afins. E foi dentro do ensino superior que ela passou a lidar com mais frequência com discussões sobre sua identidade e a de suas iguais.
“A partir do momento em que eu comecei a estudar, desde a faculdade de comunicação, lá no início dos anos 2000, eu tenho comigo essa gana por entender mais sobre feminismo, sobre feminismo negro. Então, foi assim que eu aprendi a me virar nesse mundo desigual, entendendo que sou uma mulher preta e isso faz toda a diferença”.
“O feminismo negro sempre esteve presente na minha vida. A gente não tem outra opção, senão ser feminista e negra. Compreender a nossa relação com negritude é algo que vem desde a infância, quando se é uma criança pobre, preta e periférica, e mulher. Angela Davis vem na mamadeira, praticamente. A gente precisa entender-se como mulher preta desde sempre. Pra além de ser mulher, nós trazemos a nossa cor, a nossa história, e isso dentro de uma sociedade escravagista, dentro de uma sociedade que se faz com base histórica nas discriminações raciais. Isso não pode ser ignorado”, explica.
Todo o conhecimento acumulado por Lídia em sala de aula ganhou ainda mais potência na prática, como por exemplo em sua militância dentro dos coletivos Casa da Tia Margarida e Negras Evangélicas. Mas a educadora acredita que as mudanças estruturais da sociedade, principalmente no que diz respeito às desigualdades enfrentadas por mulheres negras, começam ainda em casa.
“Eu educo, inclusive, a minha filha pra que ela compreenda o que é ser mulher nessa sociedade e diante dessas desigualdades. Educo meu filho assim também porque os meninos também precisam ter essa responsabilidade em respeitar as mulheres e compreender o quanto as desigualdades ainda se fazem presentes numa sociedade marcada pelos traços patriarcais”.
Lídia Maria de Lima com seus dois filhos
Lídia Maria de Lima/Arquivo Pessoal
Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha
Em 1992, um grupo de mulheres iniciou uma mobilização pela criação da Rede de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-Caribenhas, juntamente à Organização das Nações Unidas (ONU), e conseguiram que o dia 25 de julho fosse reconhecido como o Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha.
No Brasil, a Lei 12.987, de 2014, estabeleceu que também no dia 25 de julho seria celebrado o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra – que, além de compartilhar dos princípios da data estabelecida em 1992, também dá visibilidade para o papel da mulher negra na história brasileira, através da figura de Tereza de Benguela.
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