Críticas a Tarcísio e Renato Feder marcam manifestações de mães de autistas no Alto Tietê

Fabrício Mello e Geovanna Albuquerque

Em resposta às novas regras para os profissionais de apoio de alunos com TEA e outras deficiências, professores, mães e entidades se reuniram – em Mogi das Cruzes e em Suzano – para protestar contra a mudança. Além das reivindicações, que pedem que o decreto seja revogado, críticas ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e ao secretário estadual de Educação, Renato Feder, marcaram as manifestações.

Assista:

No protesto, os manifestantes acusaram a Seduc-SP (Secretaria de Educação do Estado de São Paulo) de promover a demissão em massa dos professores de educação especial que atuam na rede de ensino, substituindo os docentes por profissionais de apoio sem o devido preparo. Segundo eles, a medida seria uma maneira de “cortar gastos”.

Manifestação em frente à Diretoria de Ensino de Mogi das Cruzes | Fabrício Mello/O Diário de Mogi

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Com o auxílio de um carro de som, mães e professores dos alunos especiais compartilharam relatos sobre as dificuldades do dia-a-dia. “O medo é terrível. Eu estou só. Se vocês faltar à escola, você perde o Bolsa Família, você não pode faltar em muitas coisas. Mas eu posso ter duas crianças com crise e não ter o direito de ter alguém lá [na escola] para cuidar do meu filho“, desabafou uma das mães que participou do protesto.

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Em Mogi das Cruzes

Em Mogi, a concentração da manifestação aconteceu no Largo do Rosário, também conhecido como Praça da Marisa, por volta das 10h. A caminhada começou às 10h30. Mas não foram apenas mães e professores que participaram do ato. Políticos também apareceram no evento, como a vereadora Inês Paz (PSOL) e o ex-vereador e pré-candidato a deputado estadual Rodrigo Valverde (PT). Integrantes da coordenação da subsede da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) de Mogi das Cruzes e do Instituto Resiliência Azul, entidade que atua na conscientização e em prol das crianças autistas na cidade, também marcaram presença.

A manifestação seguiu pela rua Dr. Deodato Wertheimer, passando pela avenida Voluntário Pinheiro Franco, Com gritos de protesto contra a medida apresentada pela Seduc-SP, a multidão se dirigiu, então, para a Diretoria de Ensino (DE) de Mogi das Cruzes.

Manifestação seguiu pelas ruas do Centro de Mogi das Cruzes | Fabrício Mello/O Diário

Por volta das 11h20, o grupo se concentrou na rua Antônio Cândido Viêira, em frente ao prédio da DE. As manifestações seguiram por cerca de de 15 minutos até que uma comissão de manifestantes – composta por mães, professores e profissionais de apoio – foi recebida pela dirigente de Mogi das Cruzes.

Em Suzano

Manifestação em Suzano | Foto: Geovanna Albuquerque/O Diário
Manifestação em Suzano | Foto: Geovanna Albuquerque/O Diário

No município de Suzano, a manifestação teve início por volta das 10h em frente ao Parque Municipal Max Feffer. Professores, mães e responsáveis caminharam lado a lado em direção à Diretoria de Ensino de Suzano para protestar contra a nova medida da Educação de São Paulo.

O Movimento Mãe Onça e o União Família Azul, que lutam pela educação inclusiva, foram os organizadores da ação na cidade. O vereador André Dourado (PT) também marcou presença no protesto junto a alguns membros da Apeoesp subsede de Suzano. O ato foi pacífico e acompanhado pela Guarda Civil Municipal (GCM) e uma equipe de trânsito da Prefeitura de Suzano.  Ao chegar na Diretoria de Ensino da cidade, por volta das 10h50, quatro representantes foram selecionados para conversar com a administração e tentar negociar a nova medida.

Segundo os pais, as novas regras determinadas pela Seduc-SP não são inclusivas e sim um retrocesso para a educação especial. “Isso vai comprometer muito na educação deles [crianças]. Esse professor precisa ser um professor exclusivo para ter um ensino individualizado, então o nosso movimento está sendo em prol disso, para que tenhamos mais avanço e não esse retrocesso. […] O que estamos vendo em muitas escolas é tirarem o professor especializado para colocar um profissional de apoio que não tem formação nenhuma para lidar com crianças deficientes”, afirmou Graziela Mansano, mãe de uma criança atípica e membro do Movimento Mãe Onça.

Professores, que preferiram não se identificar, afirmaram que houve profissionais que foram desligados, ao contrário do que alega a Seduc-SP. Na Escola Estadual Manoel dos Santos Paiva, segundo os educadores, foi comunicado que apenas três professores ficariam na escola para auxiliar de cinco a sete crianças atípicas com níveis diferentes, contrariando o estabelecido pela medida, que determina que o número de crianças seja de três a cinco. Um dos professores alegou que os profissionais estariam sendo substituídos por pessoas sem formação na área para cortar gastos.

A reunião entre as partes aconteceu de portas fechadas e terminou por volta das 12h30.

Reuniões com as DEs

Em Mogi das Cruzes, a comissão de manifestantes definiu a reunião com a dirigente da DE como “produtiva” e “positiva”. Segundo divulgado pelos integrantes, a diretoria se comprometeu a encaminhar as demandas dos manifestantes para a Seduc-SP. Entre os pedidos apresentados, destacam-se a atribuição de aulas aos professores de educação especial e recolocação dos profissionais que, segundo eles, foram desligados da rede.

Em Suzano, uma das mães que participou da reunião também é advogada e solicitou, em nome dos movimentos, algumas reivindicações. No documento apresentado para a DE foi pedido para que os alunos atípicos não percam o atendimento individual ministrado por professores formados na área, que não seja designado até cinco crianças para cada profissional, entre outras solicitações.

Segundo informado pela representante, em Suzano ficou determinado que seria levada a reivindicação de que cada profissional atenda até três crianças ao invés de cinco, para casos de nível 1 e 2. Vale lembrar, que para as crianças de nível 3 a regra continua a mesma e manterá uma profissional para cada aluno. As solicitações das mães de Suzano serão encaminhadas para a Seduc-SP.

Ainda de acordo com a representante, durante a conversa informaram que 75 profissionais saíram das escolas por término de contrato. Desse número, ainda será avaliado quem será remanejado.

O que diz a Seduc-SP

Em nota para O Diário, a Seduc-SP havia negado a acusação de que os profissionais tenham sido desligados da rede. Na nota, encaminhada 2 dias atrás para uma outra reportagem, a secretaria explicou que professores auxiliares não reconduzidos para a função de PAE-AEs poderão atribuir aulas, conforme cronograma e critérios estabelecidos pela Seduc-SP para todo o corpo docente, na Diretoria de Ensino ou mesmo para atuarem como eventuais na rede.

O Diário entrou novamente em contato com a Seduc-SP e questionou a pasta sobre as manifestações realizadas em Mogi, Suzano e outras cidades do Estado. A reportagem será atualizada assim que houver a manifestação oficial da Seduc-SP sobre o tema.

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