Ocorrências de queimadas têm alta de 16,2% entre janeiro e agosto deste ano no Alto Tietê, segundo bombeiros


Cidade com mais ocorrências de queimadas em 2023 foi Mogi das Cruzes, com 164. Rafael Bitante Fernandes, gerente de Restauração Florestal da Fundação SOS Mata Atlântica, alerta que a diminuição das queimadas só é possível graças a ações conjuntas. Incêndio atinge área de mata do Rio Acima, em Mogi das Cruzes
José Antônio de Assis/Arquivo pessoal
As ocorrências de queimadas em vegetação registraram alta de 16,2% entre janeiro e agosto deste ano no Alto Tietê, segundo o Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo. Foram 409 casos de queimadas nos oito primeiros meses deste ano e 352 queimadas no mesmo período de 2022.
Neste ano, a cidade com mais ocorrências de queimadas no período foi Mogi das Cruzes, com 164, seguido de Guararema, com 60, e Arujá, com 53. Em seguida, aparece Itaquaquecetuba, com 39, Suzano, com 36, Poá, com 25, e Ferraz de Vasconcelos, com 23. Santa Isabel, com 6, Biritiba-Mirim, com 2, e Salesópolis, com 1.
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Rafael Bitante Fernandes, gerente de Restauração Florestal da Fundação SOS Mata Atlântica, afirma que os números apresentados no Alto Tietê são preocupantes.
“As queimadas geram não apenas distúrbios de ordem natural, na natureza, impactando a natureza, toda a fauna e flora, mas muitas vezes geram também efeitos colaterais muito ruins pra economia, muitas vezes afetando áreas agrícolas. Pra saúde humana também, toda a fumaça, fuligem que é produzida nesses eventos de grandes queimadas. Isso acaba prejudicando muito a nossa rotina, dia a dia. Então, do incômodo da fuligem que está caindo na sua casa até o risco da saúde, de uma pessoa estar passando mal, tendo que ser atendida no pronto-socorro. E claro, carregando todo esse dano de fauna e flora que pode ser perdido em eventos como esse. Em especial em épocas do ano como essa, que é onde a gente está num período extremamente seco e toda a vegetação vira um combustível muito forte pra esse tipo de evento, das queimadas”, explicou.
fogo em mata Mogi-Bertioga
Rosana Conceição/Arquivo pessoal
Segundo Fernandes, as queimadas têm origem em um aspecto cultural. Para ele, o abandono dessas práticas é determinante para a diminuição das ocorrências de fogo em áreas de mata.
“Antigamente, era usado muita queimada pra renovação de ciclos agrícolas, principalmente de pastagem. Quando elas ficavam com alguma vegetação a qual não interessava ali os animais, eles ateavam fogo pra poder limpar esse pasto porque só vinha a gramínea de interesse. Também isso já foi usado na cana-de-açúcar, pra facilitar a colheita. E hoje, aqui no estado de São Paulo, isso já é totalmente proibido, a colheita tem que ser feita totalmente com a cana crua. E, muitas vezes, também pessoas, sitiantes, aqueles moradores de pequenas áreas agrícolas, muitas vezes, juntam aqueles restos de vegetação seca, folhas, alguma coisa, acaba ateando fogo pra se livrar daquilo ali. Isso, muitas vezes, pode sair do controle e isso vai se espalhando, como a vegetação fica extremamente seca, é muito fácil desse incêndio se alastrar e muitas vezes ele sai do controle”.
O combate à incidência das queimadas está relacionado à conscientização sobre os problemas dos incêndios em áreas verdes. Por isso, o gerente de Restauração Florestal da Fundação SOS Mata Atlântica alerta que a diminuição das queimadas só é possível graças a ações conjuntas.
“O poder público tem um papel importante. Informar, dar condições, treinar. Mas é preciso de um alerta de todos, uma sensibilização de todos. Não usar o fogo como instrumento pra estar limpando áreas. A gente rever nossos processos culturais. De forma nenhuma atear lixo próximo de rodovias, perto de linhas de transmissão, linhas de trem, que é muito comum pessoas estarem passando e, de repente, aquela velha bituca de cigarro saindo pela janela, o que pode estar desencadeando esse incêndio. Então, é necessário que todos tenham uma união, sejam sensibilizados com o tema. E o principal papel do poder público é estar preparado pra isso. ‘Tivemos evento de incêndio. O que a gente vai fazer?’. Então, é legal ter brigadistas treinados, equipamentos pra estar contendo incêndio, um planejamento estratégico de como eu vou atuar com esses incêndios, quem que eu vou acionar”, disse.
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