Crescimento do Alto Tietê impõe desafio de soluções para o conflito entre inchaço urbano e qualidade de vida


Eliene Corrêa Rodrigues Coelho, diretora de Planejamento Territorial de Suzano, explica que a prefeitura enxerga o aumento de domicílios como reflexo da geração de empregos. Em Mogi das Cruzes, o prefeito Caio Cunha (Podemos) afirma que projetos já estão sendo executados para tornar mais tranquilo o no trânsito. Censo 2022 mostra que a média de moradores do Alto Tietê é maior que a do estado de SP
O resultado do Censo 2022 traduziu em números o que a população do Alto Tietê já sentia. O crescimento veio, mas com um preço alto a pagar. O desafio agora é buscar soluções para o conflito entre o inchaço urbano e a qualidade de vida. Os reflexos estão no dia a dia de cidades da nossa região.
O vai e vem de pessoas que não parece ter fim e o trânsito intenso, já faz parte de muitas cidades, como Suzano. Às vezes fica até difícil de imaginar, mas tem gente que garante que há alguns anos, a rotina não era bem essa.
“Muita calma, bem diferente. As coisas mudaram muito nesses dez anos. Hoje está difícil. Cada esquina você tem medo de passar. Suzano cresceu demais, está muito grande”. disse a aposentada Geny Cunha.
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Número de domicílios em Suzano cresceu 46,91%, segundo dados do Censo 2022 do IBGE
TV Diário/Reprodução
A cidade cresceu e muito em relação a domicílios. Mais precisamente 46,91%, segundo dados do Censo 2022, feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Essa porcentagem é o resultado da comparação do número de casas existentes na cidade em 2010 com o atual. Passou de pouco mais de 83 mil e quatrocentos para mais de 122 mil residências. Mas junto com esse desenvolvimento, vem alguns problemas.
“Por um lado é bom, mas por outro lado vem a violência, a insegurança do povo”, completou Geny.
A diretora de planejamento territorial de Suzano, Eliene Corrêa Rodrigues Coelho, explica que a administração municipal enxerga esse aumento da população com certo otimismo.
“Eu acho que Suzano é um dos municípios que, há alguns anos, já vem criando muito empregos. Acho que é um dos municípios que mais tem criado empregos no Alto Tietê. Então, acho que é resultado disso, com emprego vem mais população, vem mais a necessidade de construção de unidades habitacionais e etcetera. Então, a gente tem visto como resultado de um processo de desenvolvimento do município que está sendo reestruturado”, contou Eliene.
Para manter esse crescimento ordenado, determinadas áreas da cidade exigem um olhar mais atento.
“Principalmente de a gente ter uma infraestrutura que seja seja uma infraestrutura compatível com esse desenvolvimento. Então, aí é a gente olhando pra dois principais desafios. A gente vê um desafio muito grande na região Norte do município, onde a gente tem investido bastante, principalmente na implantação de infraestrutura de abastecimento de água, de esgoto, de saneamento, e principalmente a questão viária, que acho que é uma preocupação de todo munícipe. E do ponto de vista da região Sul, a gente tem um desafio que é conter um pouco esse espraiamento e a nossa lei incentiva a ocupação na região central pra justamente não permitir o adensamento na região Sul, que é nossa área de mananciais. Então, lá a gente tem feito um grande esforço de fiscalização, de fiscalização integrada com os outros órgãos, CREA, CRECI e Cetesb, pra gente impedir que haja uma ocupação irregular, que haja um espraiamento da cidade pra região de proteção de mananciais”, disse a diretora de planejamento territorial de Suzano.
Se em Suzano são as regiões Norte e Sul que apresentam mais demandas, em Mogi das Cruzes a bússola do desenvolvimento se alinha à região Leste da cidade, com destaque para o distrito de César de Souza.
“César [de Souza] está crescendo demais. Está vindo muito condomínio, muito prédio, e vai aumentando as oportunidades de trabalho pra gente. Aqui, na verdade, era só mato, só brejo”, explicou o autônomo Odim José dos Santos.
Bússola do desenvolvimento de Mogi é a região Leste da cidade, onde fica o distrito de César de Souza
TV Diário/Reprodução
César de Souza possui uma área de mais de 53 km quadrados, com uma estimativa de até 50 mil moradores. Tanta gente assim tem feito a rotina de Odim e de Ricardo Bonifácio, que trabalham com obras, ficar mais intensa.
“Cresceu bastante. Com essas empreiteiras cresceu também. E a gente vai evoluindo conforme vai evoluindo a cidade. Vai crescendo e a gente vai crescendo também. Melhorou bastante pra nós, porque antigamente isso aqui era tudo brejo, era tudo mato, e desenvolvendo desenvolve a gente também. Ajuda bastante a gente”, disse Ricardo.
Cerca de 240 mil motoristas circulam todos os dias nas principais avenidas de acesso ao distrito e, com isso, acabam aparecendo alguns problemas.
“Na verdade, toda região vai crescer um dia. Então, a gente tem que se adaptar às condições. O trânsito está um caos, mas se a gente for pra São Paulo é a mesma coisa. Tem a prefeitura, os engenheiros aí tem que estar adaptando a cidade pro crescimento dela”, completou Odim.
“Crescimento é o desempenho da cidade. Vai crescendo. O que a gente sente falta, quando era criança, é porque tinha bastante área pra brincar. Hoje em dia, você quase não vê verde, só vê essa floresta de concreto” disse Ricardo.
O prefeito da cidade, Caio Cunha (Podemos), explica que existem alguns projetos, que já estão sendo executados, com o objetivo de tornar mais tranquilo esse vai e vem no trânsito.
“O investimento é de 69 milhões de dólares ali nesse setor. Projeto chama Viva Mogi. A gente teve que fazer algumas adaptações. Então, assim, novas vias, o novo viaduto, dois novos viadutos vão surgir ali. E mais pra frente um pouquinho, a gente também já está trabalhando com financiamento internacional também de 50 milhões de dólares pro fechamento do nosso anel viário, como se fosse o ‘rodoanel mogiano’”, explicou o prefeito.
Além da região leste, Caio Cunha explicou que o crescimento da cidade está sendo observado como um todo e que alguns pontos precisam ser priorizados.
“Uma cidade de mais de 700 quilômetros quadrados. Existe uma demanda gigantesca em diversos aspectos. Mobilidade, saneamento, meio ambiente. Crescimento é muito diferente do desenvolvimento. Eu não defendo uma cidade com mais pessoas, eu defendo uma cidade com mais qualidade de vida. Isso precisa ser feito de uma forma muito organizada, em diversos setores”, finalizou Cunha.
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