Homem em situação de rua canta ‘Levanta e Anda’ ao lado de Emicida e viraliza


Encontro aconteceu durante um café da manhã na São Miguel Arcanjo, do padre Júlio Lancelotti, na Grande São Paulo. Fakihi, de 29 anos, nasceu e cresceu em Mogi das Cruzes e, após uma decepção, foi morar nas ruas. Homem em situação de rua canta ‘Levanta e Anda’ ao lado de Emicida e viraliza
Nos últimos dias, um vídeo do rapper Emicida cantando “Levanta e Anda” ao lado de um rapaz em situação de vulnerabilidade na Paróquia São Miguel Arcanjo, na Grande São Paulo, viralizou nas redes sociais (assista acima). O encontro aconteceu durante um café da manhã na paróquia do padre Júlio Lancelotti, na segunda-feira (17).
O homem, ao lado do cantor, é Fabrício Conceição Santana de Abreu, de 29 anos, nascido e criado em Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo. Em entrevista ao g1, Fabrício conta que morava no distrito de César de Sousa e sempre participou do movimento artístico da cidade – onde é conhecido como “Fakihi”. Entretanto, após uma decepção, foi morar nas ruas. Atualmente, está em uma casa de acolhimento no bairro Mooca, na capital.
Fakihi e Emicida na Paróquia São Miguel Arcanjo, em São Paulo
Fakihi/Arquivo pessoal
Com a repercussão do vídeo nas redes sociais, Fakihi foi rapidamente reconhecido pelos colegas que fez em sua cidade natal. O artista já é figura registrada nas batalhas de rima da cidade onde cresceu. “Conheci o Hip Hop em 2006, com a dança. Logo após, conheci as batalhas de rima, comecei a participar e vi que aquele era meu caminho. Tempo depois comecei a apresentar a batalha ‘Arena MCs’ e decidi me aprofundar cada vez mais nessa cultura”.
“Fakihi é uma referência árabe e significa ‘guerreiro de um ideal’. Me identifiquei com esse termo e, por ter as iniciais do meu nome, decidi usar para as batalhas e o nome pegou… Aí eu percebi que sempre foi o meu propósito”.
Fakihi nasceu e cresceu em Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo
Fakihi/Arquivo pessoal
O mogiano conta que foi até a paróquia apenas para tomar café da manhã, nem imaginava que encontraria Emicida. “Foi muito por acaso, sabe? Foi surreal. Só de estar ali, naquele momento, cantando ‘Levanta e Anda’ foi um sonho realizado”.
“O Emicida sempre foi uma referência para mim. Eu sei várias músicas dele de cor, tenho decorado até algumas rimas que ele já lançou. Se eu estou vivo até hoje, foi por causa do rap e, consequentemente, por causa dele”.
Fakihi não tem celular, mas conta com um perfil no Instagram, administrado pelo amigo Murilo Henrique dos Santos, conhecido como “Broto”. Os dois se conheceram há cerca de três anos e, desde o começo, a união foi muito forte.
“Eu faço grafitti e o Fakihi participa muito da cena do rap, então – por estarmos no mesmo meio – um acabava acompanhava o trabalho do outro, sabe? Em determinado momento, nossos caminhos se cruzaram de vez, nos aproximamos e, sempre que posso, apoio o corre dele. De alguma forma, seja filmando as batalhas, editando os vídeos, tento sempre impulsionar o trabalho dele da melhor forma possível, para que as pessoas conheçam cada vez mais o talento desse cara”, conta o grafiteiro.
Broto e Fakihi se conheceram há cerca de três anos e são grandes apoiadores do trabalho um do outro
Broto/Arquivo pessoal
Broto relata que, quando Fakihi ainda estava em Mogi, os dois se encontravam com certa frequência. Porém, com a distância, a forma que encontraram de manter o contato foi por meio do telefone – no caso, Fakihi faz as ligações com o celular de alguém que está por perto e aceita emprestar o aparelho. Foi justamente em uma dessas conversas por telefone que o artista recebeu a notícia de que o vídeo, compartilhado pelo padre Júlio Lancelotti e até pelo próprio Emicida, tinha viralizado.
“Eu fiquei assustado com a repercussão, mas muito, muito, muito feliz. Só tenho a agradecer a todo mundo. Agradecer à cena [do rap], agradecer ao pessoal que está compartilhando e dando uma força. O sentimento é esse: gratidão. Eu sei que tenho talento e capacidade, eu só precisava de uma oportunidade”, finaliza Fakihi.
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